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Análise: na reta final, Ibope aponta desgaste da imagem de Bolsonaro

Pesquisa mostra expressiva queda do candidato do PSL entre eleitores evangélicos e, também, aumento geral de sua rejeição

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Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados
1 de 1 Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A cinco dias do segundo turno, os números do Ibope indicam movimentos negativos para o candidato do PSL ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro. Na contabilidade dos votos válidos, em oito dias, a diferença para Fernando Haddad (PT) caiu de 18 para 14 pontos percentuais (57% a 43%).

Ainda no limite da margem de erro, o recuo de Bolsonaro na intenção de voto dos brasileiros coincide com um período de más notícias para sua campanha. O presidenciável vive uma série de percalços desde a denúncia feita pela Folha de S.Paulo, no dia 18 de outubro, de uso de caixa 2 em pagamentos milionários de pacotes de mensagens de WhatsApp.

No fim de semana, a divulgação do vídeo em que o filho do candidato Eduardo Bolsonaro sugere o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) levou a campanha para uma posição de defensiva em relação ao Judiciário.

O pedido de desculpa do “garoto” (assim o pai se referiu a ele) e as explicações do capitão aos ministros do STF foram atropelados por mais um vídeo, postado pelo coronel do Exército Carlos Alves. Na gravação, o militar refere-se à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como “salafrária”, “corrupta” e “incompetente”.

No ataque mais grosseiro, o coronel afirma que ela agiu “com prazer, com orgasmo quase que sexual” ao receber o PT e o PDT para tratar das denúncias da Folha. Na terça-feira (23), o STF pediu investigação do caso pela Procuradoria-Geral da República.

A variação dos números da pesquisa ganha relevância quando se observa que, ao mesmo tempo, a rejeição do deputado subiu de 35% para 40%. O índice de brasileiros que, em qualquer hipótese, recusa-se a votar em Haddad declinou de 47% para 41%.

Os eleitores decididos “com certeza” a votar no presidenciável do PSL baixaram de 41% para 37%. Nesse tópico, o petista avançou de 28% para 31%.

Bolsonaro teve perda significativa de votos entre os evangélicos. Nesse segmento, ele despencou 12 pontos percentuais, de 55% para 43%, e Haddad subiu de 16% para 22%, crescimento de seis pontos.

Muito acima da margem de erro, a fuga de eleitores evangélicos evidencia o desgaste da imagem do capitão em um setor onde ainda desfruta de larga vantagem sobre o adversário. Esse fenômeno, na reta final da campanha, torna-se fator de preocupação para Bolsonaro.

Caso se confirme, nos próximos dias a tendência de esvaziamento dos votos de viés religioso pode abalar um dos pilares da campanha do candidato do PSL. Os evangélicos representam mais de um quarto da população brasileira e, por isso, têm força para decidir a eleição.

Deve-se também levar em consideração o aumento dos ataques contra Bolsonaro feito pela campanha de Haddad. Os programas eleitorais petistas reforçaram a divulgação de imagens, depoimentos e denúncias relacionadas à tortura durante a ditadura militar, defendida por Bolsonaro.

Episódios de violência protagonizados por seguidores de Bolsonaro, como a morte do capoeirista Moa do Katendê e o ferimento em forma de suástica feito em uma jovem de Porto Alegre, também foram explorados por Haddad. Ao mesmo tempo, o petista procurou aparecer, com ar professoral, como defensor da democracia e inimigo das fake news.

Nesse ponto, Haddad cometeu um erro nessa terça-feira (23) ao divulgar, sem checar, a informação de que o general Hamilton Mourão, vice na chapa do capitão, participou da tortura do cantor Geraldo Azevedo durante a ditadura. Feita pelo próprio artista, a denúncia foi logo desmentida por ele mesmo, mas o estrago na campanha do petista já estava feito.

Nos últimos dias, o desafio do candidato do PSL é estancar a queda detectada pelo Ibope, principalmente entre os evangélicos. Favorito, ele precisa evitar que a redução da preferência dos eleitores se transforme em um derretimento.

Para Haddad, o maior inimigo é o tempo. Em eleições presidenciais, desde a redemocratização, nunca houve uma virada nessa proporção. Se a tendência de queda de Bolsonaro se confirmar nas próximas pesquisas, o petista chegará no domingo (28) ainda no páreo. Nesse sentido, sem dúvida, o levantamento do Ibope aumentou a emoção do segundo turno.

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