Análise: mesmo com denúncia, tempo é curto para Haddad virar o jogo
Com 18 pontos percentuais de desvantagem, segundo o Datafolha, petista tem pouco mais de uma semana para reverter votos dos eleitores
atualizado
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A quinta-feira (18/10) começou com uma notícia animadora para a campanha de Fernando Haddad (PT), mas a pesquisa Datafolha, divulgada pouco antes das 21h do mesmo dia, mostrou o tamanho do desafio a ser superado pelo petista para chegar ao Palácio do Planalto. Segundo o levantamento, Haddad tem 41% das intenções de voto, contra 59% de Jair Bolsonaro (PSL).
Logo nas primeiras horas da manhã, o site do jornal Folha de S. Paulo publicou denúncia de que um grupo de empresários usa caixa 2 para impulsionar mensagens de WhatsApp favoráveis ao presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro – prática que configura crime, segundo a legislação eleitoral.
Pelo potencial destruidor para a campanha do adversário, Haddad apegou-se ao caso para tentar reverter as pesquisas. Desde cedo, falou sobre o assunto em entrevistas e anunciou que tomaria medidas judiciais. Apoiadores de sua candidatura ocuparam as redes sociais dando eco à denúncia.
O último resultado do Datafolha mostrou que o petista e o adversário continuam nos mesmos patamares que estavam na semana passada. Na consulta anterior, divulgada no dia 10, o candidato do PT aparecia com 42% e, Bolsonaro, com 48% das intenções de votos.
Em oito dias de campanha, Haddad não conseguiu reduzir a diferença para Bolsonaro. Ao contrário, a distância entre os dois aumentou dois pontos percentuais. Agora, resta pouco mais de uma semana para tentar uma virada improvável. Contra o petista, também pesa a rejeição alta, 54%, segundo a pesquisa, enquanto a do presidenciável do PSL é de 41%. A denúncia do jornal tornou-se, então, a grande esperança para os petistas.
A gravidade das acusações, além da ilegalidade do caixa 2, está na possibilidade de manipulação dos eleitores com mensagens espalhadas para milhões de usuários do WhatsApp. Protegida pelo sigilo, essa plataforma ganhou grande relevância nas campanhas eleitorais por permitir a interação entre grupos fechados, sem contraditórios que ajudem as pessoas a refletir sobre os candidatos de maneira uniforme.
Ainda mais preocupante é o fato de que esses grupos fechados também facilitam a propagação de mentiras sem contestação de terceiros. Essas redomas são campo fértil para a desqualificação de adversários
Causa perplexidade que ilegalidades dessa dimensão sejam praticadas sem interferência da Justiça Eleitoral. A proliferação de fake news também pode ser facilmente verificada por qualquer usuário de redes sociais e aplicativos de comunicação, em particular do WhatsApp.
Vale lembrar que, em agosto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que eleições podem ser anuladas em caso de campanhas contaminadas por fake news. A denúncia da Folha de S. Paulo demonstrou a relevância e a atualidade do tema. À Justiça, cabe assegurar que as eleições sejam limpas.
Para o PT, as suspeitas noticiadas pelo jornal deram fôlego à estratégia de desconstruir Bolsonaro. As decisões judiciais e as próximas pesquisas vão dizer se a expectativa se confirma.