A três meses das eleições, corrida ao Planalto tem 20 pré-candidatos
Collor não foi o primeiro a desistir. Michel Temer, Joaquim Barbosa, Luciano Huck e Flávio Rocha não vão concorrer à Presidência.
atualizado
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A menos de dez dias para o início das convenções que definirão o cenário eleitoral do país, 20 políticos são pré-candidatos à Presidência da República. Caso todas as candidaturas sejam confirmadas, 57,14% dos partidos terão candidaturas próprias na corrida pelo Planalto. O Brasil tem, atualmente, 35 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar de alta, a concorrência ao Planalto deste ano não é recorde. Na eleição presidencial de 1989, a primeira após a redemocratização, foram 22 postulantes à Presidência.
E esse número poderia ser maior. Desde o início do ano, quatro desistiram de disputar a Presidência. A mais recente é a do ex-CEO das Lojas Riachuelo Flavio Rocha. O PRB anunciou a retirada de candidatura para que “as forças de centro se unam num único projeto”.
Em junho, o PTC anunciou que não vai lançar o senador Fernando Collor (AL) por questão de “sobrevivência“. O partido quer ultrapassar a cláusula de desempenho nas próximas eleições e garantir tempo de TV e acesso ao fundo partidário.
No início de maio, Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), recuou da ideia de concorrer pelo PSB. Segundo ele, a decisão foi “estritamente pessoal”.O presidente Michel Temer (MDB) também desistiu de concorrer em outubro. Como alternativa, lançou a pré-candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (que migrou para o MDB para disputar o Planalto).
Até o apresentador da TV Globo Luciano Huck foi cogitado a concorrer à Presidência pelo PPS. Citando a Odisseia, de Homero, publicou um artigo oficializando sua desistência.
Mas outros pré-candidatos podem recuar até 15 de agosto (prazo final para registro de candidatura). Durante as convenções partidárias, alguns partidos decidirão sobre a suas candidaturas. Pesquisas eleitorais e acordos com outras legendas serão levadas em conta para possíveis desistências. Preso desde abril deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não abdica de sua pré-candidatura. Nesta semana, ele voltou a insistir que concorrerá ao Planalto em outubro.
Abaixo, leias os perfis dos 21 pré-candidatos à Presidência já anunciados:
Aldo Rebelo (SD)
É ex-ministro de quatro pastas durante os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff: Defesa, Ciência e Tecnologia, Esportes e Coordenação Política. Foi filiado ao PCdoB por 40 anos (1977-2017). Em setembro do ano passado, ingressou no PSB, mas ficou pouco tempo. Saiu após a possibilidade de candidatura de Joaquim Barbosa. Filiou-se ao Solidariedade em abril.
Alvaro Dias (Podemos)
Está em seu quarto mandato como senador pelo Paraná. Foi governador do estado de 1987 a 1991. Tem passagens pelo MDB, PDT e PV. Mas foi pelo PSDB que mais se notabilizou. Filiou-se ao Podemos (ex-PTN) em julho do ano passado com a promessa de ser o candidato do partido à Presidência. Sua pré-campanha investe na ideia de “refundação da República”.
Cabo Daciolo (Patriota)
Deputado federal pelo Rio de Janeiro. Ganhou popularidade ao ser um dos líderes da greve dos bombeiros do estado em 2011. Pelo Psol, foi eleito para a Câmara em 2014. Filiou-se ao Avante (ex-PTdoB) em 2016, onde ficou até o início deste ano. Como ele ainda é desconhecido nacionalmente e está fora de pesquisas de intenção de votos, o Patriota dificilmente manterá sua candidatura.
Ciro Gomes (PDT)
Ex-governador do Ceará e ex-ministro dos governos Lula e Itamar Franco. Está em seu sétimo partido. Também passou por PDS, MDB, PSDB, PPS, PSB e Pros. Ingressou no PDT em 2015. Busca consolidar sua candidatura no campo da esquerda. Com rejeição do PT, ele tem tentado conquistar o apoio do PSB na corrida presidencial desde a desistência de Joaquim Barbosa.
Geraldo Alckmin (PSDB)
Ex-governador de São Paulo. Esteve no comando do estado por quatro mandatos (2001 a 2006 e 2011 a 2018). O tucano pode concorrer à Presidência pela segunda vez. Em 2006, disputou o segundo turno com Lula, candidato à reeleição. Foi lançado pré-candidato pelo PSDB em março deste ano após enfrentar embate interno com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.
Guilherme Afif Domingos (PSD)
É presidente licenciado do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Tenta ganhar a confiança do próprio partido. O PSD tem se inclinado em apoiar a candidatura do PSDB à Presidência. Caso seja confirmada, será a segunda tentativa dele de chegar ao Planalto. Em 1989, concorreu pelo PL. Com 3,27 milhões de votos, ficou em 6º lugar.
Guilherme Boulos (Psol)
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Com 36 anos, é o pré-candidato à Presidência mais novo. Foi lançado pelo Psol em março deste ano. Ele tem a líder indígena Sônia Guajajara como sua “co-presidente” -o Psol foge da ideia do cargo de vice-presidente. Boulos já recebeu o apoio formal do Partido Comunista Brasileiro (PCB) para concorrer ao Planalto.
Henrique Meirelles (MDB)
Ex-ministro da Fazenda do governo Temer e ex-presidente do Banco Central do governo Lula. Filiou-se ao MDB em abril deste ano com a promessa de ser lançado como candidato ao Planalto. Tem apoio de Michel Temer, mas ainda precisa conquistar a confiança do resto do partido. Pontua pouco em pesquisas: somou apenas 1% das intenções de votos no último levantamento do Ibope.
Jair Bolsonaro (PSL)
Ex-militar, é deputado federal pelo Rio de Janeiro desde 1991. É conhecido por ter pensamentos nacionalistas e conservadores. Ingressou no PSL no início do ano após “noivado” com o Patriota não dar certo. Lidera pesquisas em cenários de primeiro turno sem o ex-presidente Lula. No último levantamento do Ibope, alcançou 17%. Está em empate técnico com Marina Silva (15%).
João Amoêdo (Novo)
Engenheiro e administrador de empresas por formação. É um dos fundadores do Partido Novo. Não tem passado eleitoral e nenhuma experiência com gestão pública. Amoêdo quer investir na imagem de “outsider”. Ele tem desempenho tímido em pesquisas eleitorais. Segundo o Ibope, ele soma apenas 1% nas intenções de voto para a Presidência da República.
João Vicente Goulart (PPL)
Ex-deputado, é filho do ex-presidente João Goulart, o “Jango”. Sua pré-candidatura foi anunciada pelo PPL em março deste ano. Foi filiado ao PDT até o ano passado. Saiu do partido após divergências com o presidente da sigla, Carlos Lupi. Léo Alves, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) forma sua chapa como pré-candidato a vice-presidente.
José Maria Eymael (DC)
Pode concorrer à Presidência pela quinta vez. Seu melhor desempenho foi em 1998, quando somou 171.827 votos (0,25% dos válidos, à época). Em 2014, ficou em nono lugar, com 61.250 votos (0,06% dos válidos). Até o momento, a principal novidade dele para concorrer ao Planalto neste ano é a mudança de nome de seu partido: o PSDC virou apenas DC (Democracia Cristã).
Levy Fidelix (PRTB)
Fundou o PRTB em 1994, onde é presidente até hoje. Foi assessor de Fernando Collor de 1989 a 1990. Fidelix ganhou notoriedade por propostas inusitadas, como o Aerotrem, e declarações polêmicas. Se confirmada, será sua terceira candidatura à Presidência. Disputou em 2010 e 2014. Mas, nos bastidores, cogita-se a possibilidade de que ele apoie a candidatura de Bolsonaro.
Lula (PT)
Ex-presidente da República. Governou o país de 2003 a 2010. Está preso desde abril deste ano após ser condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O PT insiste em sua candidatura e evita possíveis coligações. O partido deverá registrar Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que analisará o pedido. A condenação do petista se encaixa nos critérios da Lei da Ficha Limpa.
Manuela D’Ávila (PCdoB)
Deputada estadual do Rio Grande do Sul. É filiada ao PCdoB desde 2001. Foi deputada federal de 2007 a 2015. Manuela lançou sua pré-candidatura à Presidência em novembro do ano passado, em evento com a presença do ex-presidente Lula. Nas últimas semanas, ventila-se a possibilidade do PCdoB recuar de sua pré-candidatura e fechar apoio a Ciro Gomes na corrida eleitoral.
Marina Silva (Rede)
Ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente. É porta-voz da Rede, legenda criada por ela em 2013. Foi filiada ao PT por 23 anos (1986-2009). Se confirmada, será sua terceira candidatura ao Planalto. Em 2010, concorreu pelo PV. Na última eleição, assumiu a cabeça de chapa do PSB após a morte do ex-governador Eduardo Campos em acidente aéreo. Em ambas disputas, ficou em terceiro lugar.
Paulo Rabello de Castro (PSC)
Ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ambas gestões durante o governo Temer. Lançou a pré-candidatura no fim do ano passado. Ele ainda é pouco conhecido pelos eleitores. Em pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), não chegou a 1% das intenções de voto.
Rodrigo Maia (DEM)
Está em seu quinto mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro. É o atual presidente da Câmara. Foi eleito para o posto após a renúncia de Eduardo Cunha (MDB-RJ) em julho de 2016. O deputado é filho do ex-prefeito e atual vereador da capital fluminense César Maia. Mesmo após reafirmar pré-candidatura, pode recuar caso o DEM feche aliança com outro partido.
Valéria Monteiro (PMN)
Jornalista, é ex-apresentadora de jornalísticos da TV Globo, como o Fantástico e o Jornal Nacional. Sua candidatura está por um fio. Grupos do PMN não querem mais lançar Valéria ao Planalto, por conta de seu fraco desempenho em pesquisas de intenção de votos. Ela, no entanto, insiste. Lançou até vaquinha virtual.
Vera Lúcia (PSTU)
Ex-operária, é ativista sindical em Sergipe. Lançou sua pré-candidatura em março deste ano. Ela prega a revolução operária. Vera foi expulsa do PT em 1992, por compor uma ala pró-impeachment de Fernando Collor. Ao lado de outros petistas, fundou o PSTU. O partido diz que as eleições fazem parte de um “projeto da burguesia”. Seu pré-candidato a vice é o professor Hertz Dias.