Prefeito com mandado de prisão é segundo mais votado em Minas Gerais
Ruy Muniz, prefeito de Montes Claros-MG, afastado do cargo, recebeu votos para disputar o segundo turno mesmo sendo suspeito de desviar recursos de hospitais públicos. O mandado de prisão não foi cumprido, por conta da lei que proíbe prisões neste período eleitoral. Os votos que ele recebeu não foram computados oficialmente
atualizado
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Mesmo afastado do cargo, sob risco de prisão e com a candidatura à reeleição indeferida pela Justiça Eleitoral, o prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz, do PSB, recebeu votos suficientes para disputar o segundo turno na votação deste domingo (02/10). Muniz ganhou projeção nacional ao ser preso, em abril deste ano, pela Polícia Federal, um dia após sua esposa, a deputada Raquel Muniz (PSD-MG), ter elogiado o marido quando votava pelo impeachment de Dilma Roussef. “Meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão”, afirmou.
O prefeito afastado é suspeito de desviar recursos de hospitais públicos para beneficiar o hospital de sua família, mas foi a renúncia de seu candidato a vice fora do prazo legal que resultou no indeferimento da candidatura à reeleição. Mesmo assim, seu nome apareceu nas urnas e ele recebeu 48.515 votos, que não entraram no cômputo oficial. O resultado levaria a disputa para o segundo turno, pois os 75.882 votos do primeiro colocado, Humberto Souto (PPS), não seriam suficientes para definir a eleição já no domingo.Na semana passada, a Justiça expediu novo mandado de prisão contra Muniz, numa operação do Ministério Público Estadual que investiga desvio de verbas na empresa municipal de serviços e obras. A investigação constatou gasto excessivo de combustíveis e subcontratação de empresas, num esquema de fraudes que teria desviado R$ 7,5 milhões em aluguel de máquinas. Como a legislação eleitoral proíbe a prisão de candidatos 15 dias antes das eleições, ele conseguiu uma liminar para seguir em campanha. A partir das 17 horas desta terça-feira, 4, o mandado de prisão pode ser cumprido, mas, segundo Muniz, seus advogados tentam revogar a medida.
Ele também entrou com recurso contra o indeferimento da candidatura e aguarda julgamento pelo Tribunal Regional Eleitoral (TSE), que deve ocorrer na quarta, 5. No site do TSE, consta que o resultado das eleições em Montes Claros está sujeito a alteração. Se for confirmada a impugnação do atual prefeito, Souto será considerado eleito, por ter obtido 54,8% dos votos válidos. A segunda colocada entre os candidatos em situação regular, Leninha Souza (PT), teve 25,8% dos votos.
À reportagem, Muniz disse que é perseguido pela oposição e vai continuar em campanha para o segundo turno que, acredita, vai acontecer. “Se não fosse esse problema (da impugnação), eu teria levado a eleição no domingo.” Ele garantiu que não sairá da cidade para escapar de uma possível prisão. “Sou uma pessoa do bem, trabalho, tenho endereço fixo, não sei porque devo ser preso se as denúncias são falsas. Sou ficha limpa, não tenho nenhuma condenação.” Sobre o comentário feito pela esposa na sessão da Câmara dos Deputados, ele garante que ela falou a verdade. “Fui mesmo o prefeito mais bem avaliado do Brasil, e pode escrever aí: ainda vou ser governador de Minas Gerais.”