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El Niño tende a aumentar incidência de incêndios florestais no Brasil

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles avaliam que o El Niño deve intensificar a seca e as altas temperaturas, em especial na Amazônia

atualizado

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Imagem de incêndio florestal no parque terra ronca, em goiás - Metrópoles
1 de 1 Imagem de incêndio florestal no parque terra ronca, em goiás - Metrópoles - Foto: CBMGO

O avanço do El Niño deve provocar diversos impactos no Brasil, como a intensificação dos incêndios florestais, sobretudo nos biomas da Amazônia e Cerrado. Especialistas consultados Metrópoles avaliam que o período entre julho e outubro,  conhecido como “temporada de fogo”, deve ser agravado pela chegada do El Niño.

O El Niño é responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e pode trazer consequências para diferentes partes do país. As regiões Norte e Nordeste devem sofrer com uma seca severa, que aumentará o risco de incêndios florestais.

Eraldo Aparecido Trondoli Matricardi, professor do departamento de engenharia florestal da Universidade de Brasília (UnB), ressalta que o aumento da seca e da temperatura terá impacto direto na incidência de queimadas florestais, tanto na região Norte como na Centro-Oeste.

“O El Niño influência bastante as queimadas no Brasil, especialmente em algumas regiões. Por exemplo, na parte Norte ele tem um efeito muito severo, ele aumenta a temperatura e aumenta a seca. Aqui na região Centro-Oeste, de um modo geral, ele aumenta a temperatura que automaticamente tem efeito nos incêndios também”, explica o professor da UnB.

Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora da rede MapBiomas Fogo, diz que o fogo na Amazônia acontece principalmente em decorrência da ação humana. Segundo ela, algumas pessoas desmatam áreas e colocam fogo, no intuito de “limpar” o local. No bioma, o acúmulo de matéria orgânica no solo e menos umidade na atmosfera são o fator incial para que o fogo se alastre.

“Em um cenário de clima mais seco, esse fogo que foi colocado pelo ser humano tende a escapar e se tornar um incêndio. Então, durante os anos de El Niño, há uma probabilidade maior de incêndios”, afirma a diretora de ciência do Ipam.

Durante todo o ano de 2022, cerca de 163 mil km² de florestas foram devastados pelo fogo, segundo o Monitor do Fogo, da plataforma Mapbiomas. Os focos de incêndio foram registrados principalmente na Amazônia e no Cerrado, juntos, os biomas são responsáveis por 95% da área destruída.

Entre janeiro e junho deste ano, foram queimados 2.149.251 de hectares no Brasil. Só no mês passado o fogo destruiu 543 mil hectares, de acordo com o MapBiomas.

Eraldo Matricardi e Ane Alencar alertam, entretanto, que o Brasil só irá registrar um aumento nos incêndios florestais neste ano caso não haja uma ação para conter os responsáveis pelas queimadas.

“Se a gente tiver menos desmatamento e menos pessoas utilizando fogo na queima de pastagem, vamos ter menos fonte de ignição e menos áreas afetadas mesmo no ano de muita seca”, declara Ane Alencar.

Especialistas afirmam ainda que os órgãos federais deverão intensificar os trabalhos para conter os incêndios florestais, principalmente com ações de fiscalização e preservação em áreas privadas e também em unidades de conservação ambiental. Atividades essas que são realizadas por agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Manejo de solo

O fogo é utilizado para o manejo do solo, principalmente em áreas de criação de gado e agricultura. A técnica considerada ultrapassada ainda é usada por produtores rurais por ser considerada mais barata, apesar dos perigosos.

“Normalmente as queimadas, tanto no Cerrado, quanto na Amazônia são feitas para manejo de agricultura, de pasto. As pessoas fazem que estão com a técnica barata e rápida”, afirma Matricardi.

Para evitar novos desastres ambientais, o professor da UnB ressalta que os produtores rurais podem utilizar técnicas mais modernas para o manejo do solo. Como, por exemplo, plantio direto, em cima dos resíduos da cultura anterior; ou até mesmo consórcios de agroflorestas.

“O manejo de pasto, por exemplo, ao invés de você queimar a pastagem para fazer limpeza, você pode fazer ela mecanizada, fazer a recuperação da pastagem com adubação de tal forma que ela não precise ser queimada para combater a erva daninha”, exemplifica Eraldo Matricardi.

Ane Alencar reforça que além das ações de fiscalização das queimadas em áreas privadas, os governos federal e estadual também devem investir em programas para boas práticas na agricultura, uma forma de realizar uma transição mais sustentável.

“Não é só comando e controle, mas também incentivos positivos para um manejo mais sustentável que elimine aos poucos o uso do fogo na agropecuária”, afirma a diretora de ciência do Ipam.

No entanto, o manejo de solo pode ser realizado de diferentes maneiras nos biomas brasileiros. Uma vez que é necessário considerar as propriedades físicas e biológicas de cada terreno.

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