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Eike Batista é fundamental para investigação da Lava Jato sobre BNDES

Em 2016, em depoimento espontâneo, o empresário já havia dito a procuradores da força-tarefa que banco era uma “área crítica”

atualizado

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PAULO VITOR/AGÊNCIA ESTADO
1 de 1 - Foto: PAULO VITOR/AGÊNCIA ESTADO

“Vocês que estão passando o Brasil a limpo, por favor, essa é uma área crítica.” O alerta foi sobre concessões de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O autor, o empresário Eike Batista, preso na manhã desta segunda-feira (30/1), pela Polícia Federal, ao desembarcar no Rio, procedente dos Estados Unidos.

A menção a “passar o Brasil a limpo” foi feita em maio de 2016, a dois procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba (PR), e repetida pelo empresário, na noite de domingo (29), antes de embarcar em Nova York, para ser preso no Brasil.

Foragido desde a quinta (26), quando foi decretada sua prisão preventiva na Operação Eficiência, um desdobramento da Lava Jato, que apura repasse de US$ 16,5 milhões em propinas pelo empresário para o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), Eike é um dos novos candidatos a delator – mais de 20 negociações de colaboração premiada estão em andamento, em Curitiba.

Ex-controlador do Grupo EBX, o empresário pode falar a investigadores sobre seus negócios na Petrobras – em especial, sobre a exploração do pré-sal e também dos campos de gás – e expandir as apurações para outras áreas.

Uma delas são as concessões de empréstimos do BNDES. O grupo foi um dos beneficiados com valores do banco, antes da falência. O ex-presidente da instituição, Luciano Coutinho, é alvo das investigações da Lava Jato, em Curitiba e Brasília.

Oito meses atrás, Eike procurou espontaneamente a Lava Jato para falar sobre seus depósitos na conta secreta do marqueteiro do PT João Santana – preso meses antes, acusado de receber propinas da Odebrecht.

Garantias
O empresário alertou os procuradores sobre as concessões de empréstimos e os bens oferecidos como lastro nas transações financeiras. “Você bota o que quiser (como garantia), uma fazenda que não vale nada, o cara avalia por um trilhão de dólares, é fácil né”, disse na ocasião.

Eike procurou o Ministério Público Federal naquele dia 20 de maio de 2016 para falar sobre os contratos de construção das plataformas P-67 e P-70, vencidos pelo Consórcio Integra Offshore (formado pela Mendes Júnior e OSX Construção Naval) – negócios de US$ 922 milhões, assinado em 2012.

O delator da Lava Jato, Eduardo Musa, que foi gerente da área responsável pelo contrato na Diretoria Internacional da Petrobras, até 2009, e virou diretor da OSX – na época do negócio – falou sobre propina nesse contrato.

O cerco contra Eike fechou quando seu nome apareceu associado a uma conta de empresa offshore – a Golden Rock Foundation -, que depositou valores na conta secreta do marqueteiro do PT. Eike decidiu então buscar a Lava Jato. Foi ouvido pelos procuradores da República Roberson Pozzobon e Julio Motta Noronha, da força-tarefa, em Curitiba.

O empresário contou que repassou R$ 5 milhões para uma conta indicada pela mulher e sócia do marqueteiro do PT, Mônica Moura, a pedido do ex-ministro da Fazenda Guido e Mantega – mas negou tratar-se de propina.

Mantega
O “depoimento espontâneo” de Eike livrou-o de ser preso na 34ª fase da Lava Jato (Operação Arquivo X), deflagrada em setembro de 2016, que levou para a cadeia o ex-ministro Mantega – solto no dia seguinte, pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba. No depoimento, o empresário afirmou que estava disposto a colaborar com as investigações.

Antes de encerrar a oitiva, em maio, os procuradores perguntaram a Eike sobre os financiamentos públicos em seus negócios. “Olha, 2012, nós tínhamos recursos no BNDES. Sim. 10% do nosso…”, respondeu o empresário. “Eram empréstimos que eram garantidos por bancos privados e meus avais com todo meu patrimônio.”

O empresário afirmou que sobre o BNDES, entregou todo o patrimônio como garantia. “Que negócio é esse?”, questionou Eike. “O dinheiro do BNDES deve ser investido, então a minha crítica, sinceramente, olhe para os outros que não deram seus avais pessoais, que aí que está a grande sacanagem”, advertiu Eike.

Eike começou seu depoimento espontâneo agradecendo a oportunidade dada pelos procuradores da Lava Jato para “esclarecer” fatos e evitar “mentiras” publicadas. “Muito obrigado, obrigado pela atenção de vocês, o que eu vim esclarecer aqui é a verdade, não quero que de novo uma mídia errada proporcione dificuldades para minha pessoa, porque eu já constatei três mentiras repetidas três vezes na mídia que acabam virando uma verdade”, afirmou o empresário.

O depoimento espontâneo, entretanto, não foi suficiente para livrá-lo da cadeia. Eike está preso em uma cela comum, reservada aos encarcerados da Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Se quiser buscar uma colaboração premiada com a Lava Jato, terá que negociar com pelo menos três forças-tarefas: a do Rio – que decretou sua prisão -, a de Curitiba e a de Brasília.

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