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Eike Batista: das glórias do Império X ao pedido de prisão em 5 passos

Devido à cifra na casa dos bilhões, que acumulou ao longo de sua trajetória, Eike despertou curiosidade. Conheça a história do empresário

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1 de 1 eikecara - Foto: Kacio Pacheco/Metrópoles

O empresário Eike Batista soube aproveitar como poucos as oportunidades de ganhar e multiplicar dinheiro. Com um forte tino para os negócios – fruto da educação refinada que recebeu na Europa e das influências a que foi submetido na infância e juventude –, ele ergueu uma das maiores fortunas do planeta e chegou a ser considerado o 7º homem mais rico do mundo. Pouco tempo depois, viu o Império X ruir com a derrocada de uma de suas empresas.

Acostumado a estar sob os holofotes, na manhã desta quinta-feira (26/1), entretanto, o empresário entrou na mira da Polícia Federal. Eike foi alvo de mandado de prisão preventiva em uma nova operação, desdobramento da Lava Jato, no Rio de Janeiro. Ele é acusado de pagar propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Fora do Brasil, Eike ainda não foi preso, mas já é considerado foragido da Justiça. A Interpol, inclusive, foi acionada para capturá-lo. O advogado do empresário garantiu que Eike vai se apresentar às autoridades assim que retornar ao país.

Devido à cifra na casa dos bilhões que acumulou ao longo de sua trajetória, Eike despertou a curiosidade do mercado financeiro, populares, empresários e políticos. Longe de ser uma figura facilmente decifrável, sua história, entretanto, pode ser contada em cinco passos. Entenda:

1. Vendedor de seguro de porta em porta
Natural de Governador Valadares, o mineiro Eike Fuhrken Batista nasceu em 3 de novembro de 1956. Filho de Eliezer Batista da Silva – ministro de Minas e Energia no governo de João Goulart e ex-presidente da Vale – e da alemã Jutta Fuhrken, Eike morou durante a adolescência na Suíça, Bélgica e Alemanha. Neste último país, iniciou um curso de Engenharia Metalúrgica, sem chegar, contudo, a concluí-lo.

Em sua biografia “O X da questão”, escrita pelo jornalista Roberto d’Ávila e lançada em 2011, Eike admite que não possui diploma de formação em curso superior. “Estudei engenharia metalúrgica na Universidade de Aachen, na Alemanha. Rodei o mundo. Falo cinco idiomas. Sou engenheiro por formação, ainda que não tenha completado a graduação. Fui vendedor de seguros”, registrou o empresário, no primeiro parágrafo da introdução do livro.

Biografias do empresário dão conta ainda do desenvolvimento precoce do tino para os negócios. De acordo com um destes registros, Eike teria, aos 18 anos, atuado na área de venda de apólices de seguro – trabalho que teve de realizar de porta em porta. Em meados dos anos 1980, desenvolveu outra nova competência e se envolveu na área de comércio de diamantes e ouro.


2. Império do Ouro

De volta do exterior e já em terras tupiniquins, Eike teria fundado a empresa Autran Aureum Indústria e Comércio, direcionada à negociação de compra e venda de ouro na Amazônia. Com a educação refinada que recebeu na Europa e boa bagagem cultural, Eike deu início, com este passo, à trajetória fulgurante de sucesso.

O empresário teria ganhado aproximadamente US$ 6 milhões em um ano e meio com o negócio. Posteriormente, Eike Batista se associou à empresa canadense Treasure Valley – convertida em TVX Gold, da qual se tornou presidente em 1985.

Anos depois, a experiência o levaria a erguer o conglomerado empresarial EBX, que deu a Eike prestígio, credibilidade e boa parte da atenção do mercado financeiro mundial. Ele justificava a presença da letra “X” nos nomes de todas as empresas do grupo como um bom presságio: o símbolo da multiplicação faria seus negócios serem mais prósperos.

As empresas de Eike se multiplicaram ao longo dos anos: MPX (energia); MMX (mineração); LLX (naval); OGX (óleo e gás); CCX (mineração); OSX (naval); AUX (mineração); SIX (tecnologia); REX (imóveis); IMX (esportes); NRX Newrest (alimentação); RJX (esportes); entre outras.

3. Madonna jantou na casa dele
Para além da imagem do magnata do petróleo, logística, energia e mineração, Eike ficou conhecido também como uma figura peculiar. A fortuna de dígitos exuberantes colocou em perspectiva também a vida pessoal do empresário, que é pai de três filhos – Balder, Thor e Olin Batista –, estes dois últimos, frutos de seu casamento com a ex-modelo Luma de Oliveira.

Com a lupa sobre seu dia a dia, uma das histórias que chamaram a atenção do país foi o desfile de Luma, no Carnaval da Sapucaí, em 1998. Então rainha de bateria da escola de samba Tradição, Luma abriu alas para uma nova polêmica ao cruzar a avenida com um adorno “diferente”: uma coleira cravejada de diamantes com o nome do empresário.

Bem relacionado, Eike recebeu, em 2009, ninguém menos que Madonna para um jantar em sua casa, no Rio de Janeiro. Na ocasião, também sentaram à mesa Angélica e Luciano Huck e o então governador do Rio, Sérgio Cabral.

Em março de 2012, o filho de Eike, Thor Batista, também se envolveu em um caso controverso. Ele atropelou um ajudante de caminhoneiro na noite de 17 de março de 2012, em uma rodovia que liga o Rio a Petrópolis. O jovem morreu devido aos ferimentos. Apesar de condenado em primeira instância, Thor foi absolvido em 2015 pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Um dos mais recentes projetos do ex-multimilionário comprova quão versátil era Eike com relação aos negócios: ele iria lançar no primeiro semestre deste ano uma pasta de dente revolucionária, batizada de Elysium. A promessa era que o creme seria capaz de restaurar o esmalte dos dentes, torná-los mais brancos e promover a reconstrução do tecido.

4. O declínio do “Império X”
Em 2013, o mercado financeiro e milhões de brasileiros assistiram a um novo capítulo surpreendente na novela empresarial de Eike Batista. O conglomerado X tombou à bancarrota, após descobrirem que a petroleira OGX tinha menos ouro negro do que se alardeava, gerando uma série de consequências que levaram a empresa à recuperação judicial.

A desconfiança do mercado, diante da situação, acabou arrastando outras empresas. Para garantir indenização aos investidores da OGX prejudicados no episódio – caso Eike fosse condenado por crimes contra o mercado financeiros –, a Justiça determinou, em 2015, a apreensão e bloqueio de bens do empresário.

Entre eles, um Lamborghini avaliado em R$ 2,8 milhões e um Porsche. Também foram apreendidos outros carros, aproximadamente R$ 90 mil em dinheiro, um piano, computadores, quadros, entre outros.

5. Foragido da Justiça
Na manhã desta quinta-feira (26), Eike foi alvo da Operação Eficiência, um desdobramento da Calicute, fase da Lava Jato. Ele é acusado de pagar propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), por meio da conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá. A prisão preventiva dele foi decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio.

Aos agentes que foram cumprir o mandado de prisão preventiva, o advogado do empresário, Fernando Martins, informou que ele está em Nova York (EUA), a trabalho, e vai se entregar espontaneamente assim que retornar. A PF o declarou foragido da Justiça e acionou a Interpol para capturá-lo.

Os investigadores apontam o envolvimento de Eike e Cabral em lavagem de aproximadamente US$ 100 milhões no exterior.

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