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Efeito isolamento: em três meses, Brasil tem 26% menos mortes violentas

Número de vítimas no trânsito, em homicídios e suicídios, por exemplo, caiu 4,8 mil entre março e maio em relação ao mesmo período de 2019

atualizado

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Ricardo Botelho / Especial para o Metrópoles
Resgate Aéreo dos bombeiros
1 de 1 Resgate Aéreo dos bombeiros - Foto: Ricardo Botelho / Especial para o Metrópoles

As medidas de isolamento social adotadas para o controle da pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, impactaram o registro de mortes violentas no país. A queda chega a 26%. Entre os meses de março e maio deste ano, houve 14.598 mortes violentas. No mesmo período de 2019, foram 19.748 óbitos.

Os dados são da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) com base em dados lançados pelos Cartórios de Registro Civil no Portal da Transparência.

Mortes violentas são aquelas ocasionadas por causas externas, o que inclui acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, afogamentos, envenenamentos e queimaduras, entre outros.

“A quarentena adotada em vários estados brasileiros contribuiu de maneira significativa para que o número de mortes no país não fosse ainda maior, e não sobrecarregasse ainda mais o sistema de saúde das diferentes unidades da Federação durante a pandemia”, destaca a Arpen-Brasil no levantamento.

A conclusão é de que o fechamento de bares, restaurantes e casas noturnas, além da significativa redução de automóveis em circulação nas ruas, avenidas e estradas, fez com que o número de mortes violentas no país caísse em relação ao mesmo recorte de tempo do ano passado.

As medidas de isolamento foram implementadas justamente nesse período. O balanço do conjunto dos cinco primeiros meses do ano revela queda de 20,3% nas mortes violentas, que passaram de 40.593 em 2019 para 32.347 em 2020.

O isolamento social é a principal medida de controle do coronavírus. Médicos e cientistas apostam que, sem ele, os números de casos e de mortes pela doença seriam ainda maiores. Atualmente, o Brasil é o segundo país do mundo no registro de casos e mortes, atrás apenas dos Estados Unidos.

Triste estatística

Apesar da redução do número de mortes violentas, a quantidade de vítimas em decorrência do coronavírus anula os efeitos.

Em um artigo, o professor e pesquisador Rodrigo Augusto Prando, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, fez algumas comparações para dar dimensão do impacto da pandemia no Brasil.

As 43.332 mortes registradas por Covid-19 até a última segunda-feira (15/06), por exemplo, atualmente é maior que os 41.635 óbitos em todo o ano de 2019 causados por tragédias de trânsito.

“Os mortos pela Covid-19 somam os assassinados ou as vidas perdidas no trânsito, em 2019. São, também, números de um país em guerra, com mortes que, em boa parte, poderiam ter sido evitadas”, pondera Orando no texto.

Ele critica a postura negacionista de parte do governo federal sobre a doença e afirma que posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contribuíram para a grande taxa de letalidade da doença causada pelo novo coronavírus.

“Se, inicialmente, Bolsonaro tivesse assumido a condição de líder, coordenado as ações governamentais junto aos estados, prestigiado seus ministros da saúde, lutado pelo distanciamento social e não o contrário, o cenário, certamente, seria outro. Infelizmente, não é. E tende a piorar”, conclui.

Mais mortes

O total de óbitos no Brasil registrou aumento de 8,8%, passando de 304.676 em 2019, para 331.775 em 2020. Os dados também mostram crescimento entre os meses deste ano, aumentando 7,2% em abril em comparação ao mês de março, e 12,5% em maio na comparação com o mês anterior. Em 2019, o aumento entre estes mesmos meses havia sido de 8,3% e 7,2% respectivamente.

Em números absolutos, o país aumentou em 32.249 óbitos entre os meses de março e maio, passando de 284.928 mortes por causas naturais em 2019, para 317.177 falecimentos em 2020. Por ainda estar dentro do prazo legal para o lançamento dos dados, o mês de junho não foi contabilizado no levantamento feito no Portal da Transparência. O maior crescimento se deu entre os meses de abril e maio, 17,8%, enquanto que no mesmo período de 2019 este aumento havia sido de 8,8%.

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