Educação profissional é aliada para reduzir jovens “nem nem” no Brasil
Especialista explica como o poder público e a iniciativa privada podem agir na redução dos jovens que nem estudam e nem trabalham
atualizado
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O número de jovens que não estudam e nem trabalham no Brasil, mais conhecidos como os “nem nem”, permanece acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o relatório Education at a Glance 2024, 24 % dos jovens brasileiro não estudam nem trabalham, enquanto a média dos países da OCDE é de 14%.
Wandreza Bayona, CEO do Instituto Ser+, diz que uma das explicações para essa alta proporção dos jovens “nem-nem” é a evasão escolar, um dos grandes desafios do Brasil. Ela explica que, na maioria das vezes, esse abandono escolar se dá com jovens inseridos em contexto de vulnerabilidade, onde a falta de acesso a uma educação de qualidade, a instabilidade familiar e a necessidade de contribuir financeiramente com a casa são fatores predominantes.
“A evasão escolar está diretamente ligada ao aumento do número de jovens “nem-nem”, pois a falta de conclusão da educação básica limita severamente as oportunidades de ingresso no mercado de trabalho formal. Muitos jovens, ao abandonarem a escola, se veem sem qualificação profissional e sem perspectivas de futuro, o que acaba reforçando o ciclo de exclusão social”, afirma a especialista.
Uma solução, seria a aproximar a educação básica e o mercado de trabalho, o que pode ser proporcionado por meio da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). O ensino básico concomitante com os cursos técnicos facilita a entrada no mercado de trabalho, garante a formação escolar e permite que o aluno já saia com uma profissão, já que há uma grande demanda de profissionais de nível técnico no mercado.
“O ensino técnico integrado ao ensino médio visa aliar formação acadêmica com a qualificação profissional, e isso permite que os jovens adquiram conhecimento teórico e prático simultaneamente. Essa modalidade de ensino pode contribuir para aumentar as chances de inserção no mercado de trabalho, sendo uma alternativa para aqueles que, por motivos financeiros, não podem se dedicar exclusivamente aos estudos por muito tempo”, afirma Bayona.
A especialista também explica que quando o assunto é combater essa geração que passa por essas dificuldades, é importante que o poder público atue na implementando políticas de incentivo à permanência na escola, como bolsas de estudo, programas de reforço escolar e políticas de educação integral. No entanto ela não exclui a atuação da iniciativa privada como aliada na causa.
“A iniciativa privada, por sua vez, pode contribuir criando ou apoiando ONGs que desenvolvem programas e projetos de capacitação profissional, além de oferecer oportunidades voltadas para jovens de baixa renda, promovendo uma cultura de contratação inclusiva. A participação de empresas privadas na criação de um ecossistema de oportunidades que fomente o desenvolvimento educacional e profissional desses jovens, impacta de forma muito positiva na redução desse número de nem-nem”.