“Quem não acerta 10% do Enade não deveria se formar”, diz Weintraub
O ministro da Educação defende medidas de punição para os alunos e disse ter uma série de sugestões
atualizado
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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comentou nesta sexta-feira (04/10/2019) os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Para o chefe da pasta, os alunos que tiveram rendimento menor do que 20% não deveriam ter o direito de se formar.
“Uma pessoa que faz a prova e não consegue acertar, ou acerta 10% das questões, acho que essa pessoa não deveria se formar. Não deveria ter o diploma”, declarou o ministro.
Mesmo sendo o pensamento de Weintraub, ele destaca que seria necessário mudar a lei para que isso pudesse ocorrer. “O resultado da prova pode ser usado como argumento para arrumar emprego”, comentou.
O titular da Educação ainda defendeu medidas de punição para os alunos. “Acho que a pessoa não deveria colar grau, se o cara fizer de qualquer jeito. Hoje, já temos punições. Temos uma série de sugestões, mas todas terão que passar pelo Congresso”, explicou.
Atualmente, os alunos que não fazem o Enade atrasam em média em sete meses a colação de grau. O processo de regularização é semelhante ao da Justiça Eleitoral. “Vale mais a pena fazer do que não fazer, mas uma parte faz de qualquer jeito. Isso não é justo com a sociedade”, avaliou.
Para Weintraub, essa seria uma forma de mensurar com mais qualidade o ensino brasileiro. “Pensamos em até beneficiar aqueles estudantes que tiveram desempenho entre 60% e 80%”, adiantou o ministro, sem dar detalhes.
A maior parte dos cursos teve nota 3 — o mínimo. O resultado foi alvo de críticas do ministro. “Muitos cursos são desestruturados. Vi isso como professor de universidade federal. Há muita desistência, que em alguns cursos chega a 50%. O aluno se perde no meio dos estudos, não vê mais sentido naquilo”, destacou.
Weintraub fez uma ressalva. “Temos que isolar a estatística. A média sempre vai girar em torno do 3. Temos que isolar isso bem. Como separamos as variáveis? Independentemente disso, onde temos o maior grau de sucesso são alunos pobres, que pegam financiamento para pagar a universidade privada”, ponderou.
Para se ter ideia das dificuldades, somente cerca de 6% dos cursos avaliados no Enade 2018 tiraram nota máxima e 16% não agregam ao estudante o desenvolvimento esperado.
De acordo com o ministro, alunos que estudam a distância não têm desempenho inferior aos que fazem cursos presenciais. “A discrepância é muito pequena”, detalhou.
O governo defende para o setor a autorregulação. “No estado, tenho uma legislação mais amarrada. Só posso chegar junto em quem não está com comportamento adequado. Na autorregulação isso cria uma camada anterior antes que o problema se agrave”, enfatizou.
Apesar disso, Weintraub disse que a autorregulação corrige problemas simples, mas que todas as decisões continuariam no guarda-chuva do Ministério da Educação.