metropoles.com

Professor ganha em média R$ 3,3 mil na educação básica

Rede municipal, que concentra 59% dos docentes, é a que tem o menor salário, de R$ 3,1 mil por carga horária de 40 horas semanais

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rodolfo Buhrer/Divulgação
Alunos sentados em carteiras em sala de aula, olhando para o quadro negro, e professora dando aula
1 de 1 Alunos sentados em carteiras em sala de aula, olhando para o quadro negro, e professora dando aula - Foto: Rodolfo Buhrer/Divulgação

Os professores da educação básica pública — da creche ao ensino médio — ganhavam, em média, R$ 3.335 no Brasil, em 2014, segundo levantamento divulgado na quarta-feira (21/6) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Especialistas alertam, porém, que o dado da média é pouco revelador sobre a realidade docente. Isso porque desconsidera as enormes diferenças salariais entres as redes (federal, estadual e municipal) e o estágio da carreira, entre outros fatores.

A rede municipal, que concentra 59% dos professores da educação básica, é a que tem a menor média salarial, de R$ 3.116,35 por carga horária de 40 horas semanais. Nos colégios estaduais, a média é de R$ 3.476,42. Já na rede federal, que emprega só 1,3% dos professores, a média é de R$ 7.767,94.

O levantamento foi feito pelo cruzamento de dados do Censo Escolar de 2014 e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego. Não foi considerado só o salário, mas também bonificações, gratificações, adicionais extraordinários, entre outros. O 13º salário não é incluído.

A média salarial nacional, segundo o levantamento, era quase duas vezes o valor do piso nacional fixado para 2014 (de R$ 1 697,39) — à época, ao menos três estados não cumpriam o valor instituído como base.

“Qualquer número médio em educação, especialmente em um país com características tão diversas como o Brasil, não diz muito. Essa média salarial coloca no mesmo lugar, por exemplo, professores em início e com 20 anos de carreira”, avalia a diretora do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz. “Não adianta criar números fantasia. É preciso encarar a realidade.”

Daniel Cara, da Campanha pelo Direito à Educação, diz que a média “esconde” as desigualdades. “Temos de trabalhar com a distribuição, ver qual é a faixa salarial em que mais professores estão. E saber quanto ganham nas áreas mais remotas, que são as com maiores dificuldades educacionais.” Segundo o levantamento, a rede estadual do Mato Grosso tem o menor salário médio: R$ 1.196,44.

Apesar das ressalvas dos especialistas, o Inep afirma que as informações são importantes e podem contribuir para o debate sobre a carreira docente e a formulação do Custo Aluno-Qualidade Inicial (Caqi) – dispositivo que indica o financiamento necessário, calculado por estudante, para a melhoria da qualidade da educação e que deveria ter sido implementado em junho de 2016, segundo previa o Plano Nacional de Educação.

O plano também prevê que, até 2024, todos os docentes tenham rendimento médio igual ao de profissionais com mesma escolaridade. Em 2015, segundo o IBGE, o professor da educação básica recebia metade (52,5%) do salário de outros profissionais com ensino superior. Para especialistas, isso faz com que jovens talentosos desistam do magistério e migrem para carreiras mais rentáveis.

O levantamento mostrou também que a rede privada tem a menor remuneração média: R$ 2.599,33. Para Priscila, isso ocorre porque, normalmente, não há os mesmos benefícios de profissionais da rede pública. “A rede particular não é formada só por escolas com os filhos da elite, mas por uma maioria com mensalidades muitos baixas, para as classes C e D.”

Dúvidas
A apresentação dos números havia sido anunciada pelo Inep para a manhã de ontem, mas foi cancelada. Segundo apurou o Estado, alguns municípios contestaram a base de dados, dizendo que as informações obtidas pela RAIS estavam erradas.

A remuneração média na rede estadual do Rio, por exemplo, não consta do levantamento. A Secretaria da Educação do Rio de Janeiro pediu isso por identificar “equívoco na informação da carga horária”.

O Inep diz, em nota, que o cruzamento foi feito com base em 2,08 milhões de professores — 93,3% dos docentes da educação básica —, o que garante a “robustez dos dados” e amplia os subsídios para a condução das políticas educacionais.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?