Professor do século 21 deve estar conectado e valorizar a prática
O docente precisa conhecer novas plataformas digitais e estar ciente de que já não é a principal figura em sala de aula
atualizado
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As constantes transformações sociais, tecnológicas e econômicas no mundo refletem diretamente na educação, atingindo cada vez mais os estudantes e, consequentemente, os professores. A necessidade de formar alunos críticos, criativos, independentes e cada vez mais preparados vem direcionando de maneira intensiva o papel dos educadores dentro de sala de aula.
A primeira grande exigência que se nota é fluência com experiências digitais, uma vez que o uso de tecnologia é uma realidade que só avança em todos os segmentos. Com isso, os docentes passaram a utilizar uma série de ferramentas para auxiliar no ensino e conectar-se com uma nova demanda que exige interação e atualidade. No Brasil, de acordo com uma pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Ceti-Br), o percentual de professores que utilizava a internet do celular em atividades com os alunos cresceu de 39%, em 2015, para 49%, em 2016.
Apesar das dificuldades de infraestrutura e acesso à internet, mais da metade dos professores admite utilizar algum tipo de tecnologia digital regularmente em sala de aula. Os dados são de uma pesquisa inédita coordenada pelo movimento Todos Pela Educação, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura, o Itaú BBA e Samsung. O levantamento ouviu 4 mil docentes da rede pública de todo o Brasil.
Com as novas mudanças propostas pelo Ministério da Educação (MEC) – previstas no currículo estudantil, os professores tendem a deixar de ser o ponto focal na sala de aula, de principais transmissores de conteúdo, e assumir postura de mediadores entre os estudantes e o conhecimento.
Professora da rede pública há quatro anos, Milene Fátima da Silva acredita que é preciso investir em infraestrutura para trazer a tecnologia como aliada para a sala de aula, bem como trabalhar conteúdos que possam estar relacionados com a realidade dos estudantes. “No meu mundo ideal, todo o pensar pedagógico seria voltado para o ensinar para a vida”, afirma.
O professor do século 21, para mim, é aquele que está sempre antenado, que conhece um pouco do universo dos seus estudantes e tenta, de alguma forma, trazer esse universo para a sala de aula e para a disciplina.
Milene Fátima da Silva, professora
Coordenadora de difusão de conteúdo do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Márcia Coutinho Jimenez trabalha com formação continuada de professores. No entanto, de acordo com a educadora, a raiz do problema começa ainda na formação inicial, pois há um descompasso entre a vivência em sala de aula e o que é ensinado nas universidades.
“O currículo é ultrapassado, valoriza muito mais o teórico do que a prática”, explica. Para Márcia Coutinho, o professor ainda precisa aprender a explorar o potencial pedagógico das tecnologias, já que o docente não é exposto a esse tipo de formação. “O profissional precisa ter muito clara a noção de educação de qualidade que ele almeja e estar aberto a inovar por meio do universo do aluno”, conclui.
Ainda há muito a ser reformulado, mas a base é debater a implementação de novos currículos mais integrados juntamente com a capacitação de profissionais de educação – professores e gestores. “A escola toda muda”, pontua Monica Pellegrini, gerente de projetos do Instituto Ayrton Senna. “Ainda temos muito o que fazer”, destaca.