Polícia Federal faz operação contra venda de gabarito do Enem 2016
Também estão sendo investigados suspeitos em oito estados: Minas, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará
atualizado
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A Polícia Federal deflagrou duas operações neste domingo (6/11) para combater fraudes durante a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No total, foram cumpridos 50 mandados judiciais e 11 pessoas foram presas, entre elas um secretário de Saúde de um município cearense. A primeira, chamada Operação Embuste, foi realizada em Montes Claros (MG) e desarticulou um sistema de venda de gabaritos por preços que variavam entre R$ 40 mil a R$ 180 mil. A segunda, Jogo Limpo, teve como alvo uma quadrilha que operava em sete estados do Norte e Nordeste.
O delegado da PF Franco Perazzoni afirmou que as operações continuam e haverá novos desdobramentos. “As pessoas estão sendo ouvidas. Agora, com a conclusão das provas, vamos cruzar dados e checar semelhanças de gabaritos.”
De acordo com a PF, a operação em Montes Claros teve cumprimento simultâneo de 28 mandados judiciais, sendo quatro de prisão temporária, quatro de condução coercitiva, 15 de busca e apreensão e cinco mandados de sequestro de bens, todos expedidos pela Justiça Federal da cidade.
O grupo se valia de tecnologia para repassar gabaritos a candidatos. Por uma moderna central telefônica via celular, os envolvidos transmitiam as respostas para os candidatos, que usavam um aparelho auricular (foto de destaque), e uma central telefônica acoplada no peito ou braço.Escutas autorizadas pela Justiça mostram que antes do exame era feito um teste para verificar se o candidato conseguia escutar a voz de quem iria repassar as respostas para ele. Durante o cumprimento dos mandados foram apreendidos vários equipamentos usados para a prática.
Pela primeira vez constatamos o retorno de áudio por parte do candidato. A maneira que ele usava para demonstrar ao interlocutor que compreendia ou não o gabarito era por intermédio de tosse. Se tossia uma vez ele havia compreendido, se tossia duas vezes, o interlocutor repetia o gabarito
delegado Marcelo Freitas
Segundo os investigadores, os envolvidos teriam fraudado ao menos dois processos seletivos: o vestibular realizado na cidade de Mineiros/GO, ocorrido nos dias 15 e 16 de outubro, e o vestibular destinado à seleção para o curso de medicina, realizado na cidade de Vitória da Conquista/BA, nos dias 22 e 23. Agora, eles iriam fazer a mesma operação no Enem.
De acordo com a assessoria da PF, os presos poderão responder, na medida de suas participações, pelos crimes contra a fé pública, o patrimônio, a paz pública, dentre outros delitos (L. 12.850/13, art. 2º, CP, arts. 171, § 3º, 288 e 311-A, III). Se condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam 20 anos.
Jogo Limpo
A Operação Jogo Limpo cumpriu 22 mandados de busca e apreensão nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará. Segundo a PF, os 22 envolvidos teriam apresentado respostas suspeitas de fraude em anos anteriores e neste ano iriam fazer a prova novamente.
Se a fraude for confirmada, os investigados poderão responder pelos crimes previstos nos artigos 171, 304, 311-A do Código Penal e 2 da Lei 12.850/2013.
Flagrante
Um candidato que fazia as provas do segundo dia do Enem em Fortaleza (CE) foi preso em flagrante pelo uso de escutas. A prisão foi feita por policiais federais em uma universidade do centro da capital cearense.
Segundo a Polícia Federal, o candidato tinha equipamentos eletrônicos presos ao corpo com pontos de escuta nos ouvidos. Em depoimento dado na sede da superintendência do órgão em Fortaleza, o candidato se identificou como secretário da saúde de um município do Ceará. Ele poderá responder na Justiça Federal pelos crimes contra a fé pública, o patrimônio e a paz pública.
Um secretário municipal de Saúde do Ceará está entre os presos no estado. O homem, que não teve o nome divulgado, fazia prova de Linguagens, Redação e Matemática em uma universidade na região central de Fortaleza, com ponto de escuta. Os policiais federais flagraram o suspeito com o equipamento espalhado pelo corpo, ligado a fones de ouvido.