“Mais respeito às mulheres brasileiras”, defende Mercadante em polêmica sobre redação do Enem
Ministro da Educação rebateu críticas de Bolsonaro e Feliciano de que prova seria instrumento de “doutrinação ideológica”
atualizado
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O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, elogiou a escolha do tema abordado na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste domingo (25/10), com foco na “persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. De acordo com o ministro, ele só teve acesso às questões da prova após o fechamento dos portões.
Com relação às críticas adotadas por parlamentares como Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP) de que o Enem teria servido como instrumento de “doutrinação ideológica”, Mercadante afirmou que “o debate pedagógico e político é próprio de um exame como dessa natureza”, mas cobrou “mais respeito às mulheres brasileiras”.O ministro também elogiou as referências à filósofa feminista Simone de Beauvoir, quem ele classificou como “uma intelectual internacionalmente reconhecida” em sua produção e militância acerca das “condições da mulher na sociedade e na luta pelo direito de participação das mulheres”.
Em coletiva de imprensa realizada ao fim das provas de domingo, o ministro aproveitou para lembrar que as mulheres só conquistaram seu direito ao voto no Brasil em 1930 e que, até 1962, as mulheres eram consideradas “relativamente incapazes” nos casamentos.
Não há problema, as pessoas podem divergir. Mas, na educação, você tem de estar aberto a conhecer, refletir, discutir, respeitar. É inquestionável, nós vivemos em uma sociedade em que ainda há muita violência contra a mulher (…) Eu achei um tema excelente. Defendo integralmente esta pauta, achei uma excelente escolha. Estão de parabéns aqueles que a fizeram
Aloizio Mercadante, ministro da Educação
O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, titular da pasta entre abril e setembro, elogiou a escolha do tema. “Como ministro não tomei conhecimento do tema. Foi uma surpresa, mas achei o tema muito bom. Considero que coloca a questão da desigualdade entre os gêneros e a questão da opressão que ocorre sobre as mulheres”, disse Janine Ribeiro ao G1.
Abstenções
Mercadante classificou como um “completo êxito” a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste fim de semana. Ao todo, 6.915.121 brasileiros compareceram à prova. A taxa de abstenção registrada foi de 25,5% entre os 7,7 milhões de inscritos no país. O índice é o menor desde 2009, quando o Enem passou a ser aplicado no processo seletivo das universidades.
O MEC ainda não divulgou os dados finais acerca das abstenções nos estados. Até sábado (24/10), entretanto, o Distrito Federal havia registrado um índice acima da média, com 29,36% de ausências em meio aos 162,2 mil brasilienses inscritos. O número equivale a 47,6 mil ausências.
Portões reabertos
Com relação ao incidente registrado em um colégio da Asa Sul na tarde de sábado (24/10), onde o portão do local de prova foi reaberto após o horário limite para ingresso dos estudantes, Mercadante informou que as providências a serem tomadas ainda estão sob análise.
Na avaliação do ministro, “não houve nenhum prejuízo à isonomia do exame”, uma vez que as provas foram distribuídas para todos no mesmo horário. Neste caso, o mais provável é que o MEC decida punir os responsáveis pela ação, impedindo que eles tornem a participar da organização do Enem nos próximos anos.
Eliminados
Segundo o MEC, 743 candidatos foram eliminados por irregularidades ao longo do Enem. Destes, 63 passaram por detectores de metal e foram identificados com objetos inadequados. Alguns deles portavam pontos eletrônicos e foram encaminhados à Polícia Federal, que investigará possível tentativa de fraude. O MEC não informou quantos inquéritos foram abertos.
Os demais levavam equipamentos eletrônicos inadequados, ausentaram-se antes do horário, utilizaram impressos ou não atenderam às solicitações dos fiscais de sala. Um dos que tiveram de interromper a prova no meio foi o jovem do Distrito Federal Jeovane Santos, de 23 anos. Ele carregava um fone de ouvido em seu bolso.
Alguns inscritos terão de fazer uma nova edição da prova entre os dias 01 e 02 de dezembro. É o caso dos 671 candidatos de um colégio na cidade de Marituba, no Pará, que tiveram de interromper o segundo dia de exame devido a uma queda de energia. Além deles, três estudantes de Belo Horizonte, em Minas Gerais repetirão o segundo dia do teste pois foram retirados da sala de aula antes do horário.
Devido às enchentes que devastaram os municípios de Taió e Rio do Sul, em Santa Catarina, os candidatos das duas cidade farão prova nesta mesma data.