Mais de 50% de alunos de 14 a 17 anos não sabem português e matemática
Segundo dados divulgados pelo MEC, mais da metade dos alunos avaliados nesta faixa etária têm nota insuficiente nas duas disciplinas
atualizado
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Mais da metade dos alunos brasileiros de 14 a 17 anos não aprendeu o esperado para as séries que estão cursando, tanto na disciplina de português quanto em Matemática. Até mesmo no 3º ano do ensino médio, a maior parte dos estudantes não sabe identificar a informação principal de um texto após realizar leitura ou fazer cálculos de porcentagem, por exemplo.
O Distrito Federal ocupa a terceira posição no ranking nacional na proficiência média dos estudantes de português no ensino médio, com 278,3 pontos, atrás apenas de Espírito Santo (283,7) e Rio Grande do Sul (278,5). Em relação a 2015, estava em primeiro lugar, com 284 pontos. Em matemática, a capital ficou em segundo lugar, com 286,2 pontos, atrás de Espírito Santo (291,6).
Mas o que chamou a atenção no DF foi a desigualdade do rendimento escolar entre os alunos mais ricos e os mais pobres. Os alunos brasilienses de bom nível econômico atingiram 357 pontos em matemática, contra 256 daqueles mais pobres. Uma diferença de 28,3%. Em português, a variação ficou em 74 pontos.
O indicador de desigualdade separa as escolas pela situação socioeconômica dos estudantes, levando em conta elementos como “posse de bens domésticos, renda e contratação de serviços” da família dos alunos e pelo nível de escolaridade de seus país.
Esses são alguns do resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o mais importante exame brasileiro, que mede desempenho dos alunos. A prova é feita pelo Ministério da Educação (MEC) para todos os estudantes do 5º ano e 9º ano do ensino fundamental e do 3º do médio desde 1995 nas escolas públicas. A rede particular este ano pôde se voluntariar para participar (até o ano passado, o MEC as selecionava por amostragem).
Os resultados do exame de 2017 foram divulgados nesta quinta-feira (30/8) pelo governo. Mais de 5,4 milhões de alunos participaram do Saeb. O desempenho de Português e Matemática é usado para compor o Índice de Desempenho da Educação Básica (Ideb), que inclui ainda dados de aprovação e reprovação.
Ensino médio
O quadro é mais grave no ensino médio, em que 7 em cada grupo de 10 alunos estão nos níveis considerados insuficientes de aprendizagem nas duas disciplinas. “É uma das coisas mais preocupantes que a gente tem no país. Ou o aluno abandona a escola ou fica e não aprende nada”, diz o ministro da Educação, Rossieli Soares Silva.
O ensino médio é considerado por especialistas como a etapa mais preocupante da educação brasileira pelos altos índices de evasão e por ter um currículo distante dos jovens. Apesar dos resultados serem ruins em todas as etapas, estudantes do fundamental têm desempenho melhor. “Se continuar tudo como está, há possibilidade de, em 2021 e 2023, os alunos do fundamental já terem ultrapassado os médio”, afirma o ministro.
Os dados do Saeb mostram que, em três estados, isso já aconteceu. No Ceará e no Amazonas, estudantes do 9º ano já têm nota maior que os do ensino médio em Português. Em Santa Catarina, isso acontece em Matemática. Isso quer dizer que se ambos fizessem a mesma prova, os mais novos se sairiam melhor.
O governo do presidente Michel Temer enviou ao Congresso por medida provisória – que depois se tornou lei – uma reforma para o ensino médio que flexibiliza o currículo e cria diversos caminhos que podem ser escolhidos pelos jovens, entre eles o ensino técnico.
A proposta é polêmica, principalmente pela dificuldade de estrutura e professores para oferecer as diferentes formações. Entre os candidatos à Presidência, há os que defendem a revogação da lei. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a etapa, desenvolvida pelo atual governo, ainda não foi aprovada e também corre risco de ser mudada numa próxima gestão.
Fundamental
Na etapa de 1º ao 5º, o cenário é um pouco melhor, com 39% dos alunos nos mais baixos níveis de aprendizagem em Português e 33% em Matemática no Saeb. Foi também a média nacional que mais cresceu com relação ao último exame, em 2015. Passou de 208 para 215 (numa escola de 0 a mil) em Português e de 219 para 224 em Matemática. Mesmo sendo o melhor resultado, as crianças de 11 anos no Brasil, em geral, não são capazes de reconhecer o assunto de um poema ou uma tirinha, por exemplo.
Cerca de 5,46 milhões de alunos do fundamental e do médio fizeram a prova no ano passado. A previsão é que o ministério divulgue os resultados do Ideb na próxima semana. Pela primeira vez, os dados do Saeb e do Ideb foram divulgados separadamente. O ministério informou que o fatiamento da divulgação tem o objetivo de dar ênfase à discussão sobre aprendizagem. (Com informações da Agência Estado)