metropoles.com

Ipea: 96,6% dos alunos sem acesso à internet no Brasil são da rede pública

Seis milhões de brasileiros que se matricularam em 2018 não têm acesso à rede banda larga ou móvel – 5,8 milhões são do ensino público

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
MARCELLO CASAL JR/Agência Brasil
Na farsa praticada por meio do WhatsApp, o link compartilhado encaminha o consumidor para uma página falsa
1 de 1 Na farsa praticada por meio do WhatsApp, o link compartilhado encaminha o consumidor para uma página falsa - Foto: MARCELLO CASAL JR/Agência Brasil

Dos estudantes brasileiros – da pré-escola à pós-graduação – que não têm acesso em casa à internet em banda larga ou à rede móvel 3G ou 4G, 96,6% são da rede pública de ensino.

No total, 6 milhões de estudantes não dispõem de acesso domiciliar à web para acompanhar as aulas. Desses, cerca de 5,8 milhões frequentam instituições públicas.

Isso é o que revelam dados compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os técnicos analisaram o ensino remoto durante a pandemia de Covid-19.

O problema se concentra entre os alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental, bem como da pré-escola. Na graduação e pós-graduação, a falta de acessibilidade é menor.

No ensino fundamental, foram realizadas 27,2 milhões de matrículas em todo o país em 2018. Dessas crianças, 4,4 milhões não dispunham de acesso domiciliar à internet.

Cerca de 200 mil estudantes que se matricularam no ensino fundamental e não tinham acesso à banda larga ou rede móvel são de escolas particulares, segundo o Ipea.

A diferença reflete, em parte, segundo o pesquisador Paulo Meyer Nascimento, um dos autores do estudo, a concentração da provisão de educação básica no Brasil.

3 imagens
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
1 de 3

Vagas estão disponíveis apenas para jovens de 18 aos 29 anos

Andre Borges/Esp. Metrópoles
2 de 3

JP Rodrigues/ Metrópoles
3 de 3

Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Mais de 80% das matrículas estão em escolas públicas. “Há, contudo, proporcionalmente mais estudantes sem acesso à internet estudando nesses estabelecimentos”, diz.

“Um pra seis”

Moradora do Varjão, no Distrito Federal, a catadora de material reciclável Ana Paula, 35 anos, tem seis filhos que estudam. Eles dividem, contudo, apenas um celular.

As crianças têm entre 5 e 16 anos. “Um professor da escola que conseguiu um celular para meus meninos, mas minha maior dificuldade é que a internet cai direto”, conta a mãe.

Ana Paula está desempregada desde março. Ela não conseguiu voltar a trabalhar, pois tem um bebê de 9 meses com problema no coração, o que o colocou no grupo de risco da Covid-19.

O dinheiro que ganha do auxílio emergencial serve apenas para comprar comida e pagar as contas essenciais. Ela não vê chances de comprar outro celular.

“A dificuldade é muito grande, ainda mais para quem tem muitos filhos. Às vezes, a escola não compreende e não imprime as tarefas”, exemplifica a catadora de material reciclável.

“Eu fiz um trabalho com meu filho em que eu tinha que tirar foto da cidade e imprimir. Deu muito trabalho e a gente não fez porque não tinha dinheiro para a impressão”, conta.

Ações

As estimativas do Ipea indicam um custo aproximado de R$ 3,8 bilhões para a aquisição de chips de dados, celulares, tablets e kits de conversão à TV digital para universalizar o ensino a distância.

Esse montante equivale, por exemplo, a quase três vezes o total destinado em 2020 para a aquisição de livros didáticos pelo Programa Nacional do Livro Didático, segundo o Ipea.

Na avaliação de Nascimento, é preciso avançar nas políticas de acesso à internet e a tecnologias para promover o ensino remoto no atual contexto da pandemia de Covid-19.

“O diagnóstico mostra a necessidade de aprimorar políticas públicas para que esses estudantes permaneçam estudando, mesmo afastados fisicamente do ambiente escolar”, afirma.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?