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Instituições públicas oferecem 80% dos programas de pós-graduação

Cortes nas verbas para as universidades federais motivaram protestos nessa quarta-feira (15/05/2019) em todo o Brasil

atualizado

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1 de 1 protesto educacao - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Para cada cinco programas de pós-graduação existentes no Brasil, quatro estão em instituições públicas. São 3.703 cursos de mestrado e/ou doutorado entre instituições federais, estaduais ou municipais – o que equivale a 80% dos 4.581 programas de pós-graduação no país. Os dados são da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Desde que o governo federal anunciou os contingenciamentos em verbas para as universidades federais, o assunto tem sido o foco dos debates na redes sociais. Nessa quarta-feira (15/05/2019), manifestações contra os cortes tomaram conta das ruas de diversas capitais do país (foto em destaque). Ao mesmo tempo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, falou aos deputados na Câmara sobre a redução nos repasses da pasta.

A Lupa analisou os dados públicos disponíveis sobre as instituições de ensino superior (IES) no Brasil em uma série de três reportagens. A primeira, sobre graduação, mostrou que os cursos nos quais o governo federal pretende investir mais já superam, em número de matrículas em federais, os de filosofia e sociologia juntos, principais alvos da intenção de cortes do Ministério da Educação. Hoje, na segunda reportagem da série, mostramos os números sobre a pós-graduação no Brasil.

Apesar de contarem com apenas 30% dos alunos de graduação, as instituições públicas concentram a imensa maioria dos programas de pós. As instituições federais, incluindo universidades, institutos federais e fundações, são responsáveis por 2.669 deles, o que equivale a 58,2%. Outros 1.034, ou 22,5%, estão em instituições estaduais ou municipais.

Em 25 das 27 unidades da Federação, as universidades federais disponibilizam mais da metade dos programas de pós-graduação – em quatro deles (Acre, Rondônia, Amapá e Tocantins), elas são responsáveis pela totalidade da oferta. As exceções nessa hegemonia são Paraná e São Paulo, estados nos quais as universidades estaduais oferecem mais programas de pós do que as federais.

 

90% dos programas melhores avaliados estão nas IES públicas
Os programas de pós-graduação brasileiros são avaliados pela Capes. As notas vão de 1 a 7, sendo que cursos com notas 1 ou 2 perdem seu credenciamento pela instituição. Dos 4.581 programas, apenas 185 atingem o conceito 7, ou seja, são de excelência internacional. Destes, 98 (53%) estão em federais e 73 (39,4%) em estaduais – 71 na rede paulista. Ou seja, mais de 90% estão na rede pública.

No início de maio, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, errou ao comparar números relacionados à pós-graduação de duas universidades do Sergipe. Segundo ele, a Universidade Tiradentes (Unit), privada, tinha quatro programas de pós-graduação com conceito 5 na avaliação da Capes, a principal do país, enquanto que na Universidade Federal de Sergipe (UFS), pública, nenhum dos programa tinha nota 5.

Na verdade, dois programas de pós-graduação da UFS têm nota 5 na Capes. Sergipe é o único estado do país em que há mais programas com conceito 5 em universidades privadas do que em públicas.


Instituições públicas concentram mais de 80% dos pós-graduandos
Segundo a Capes, o Brasil tinha 375.468 alunos de pós-graduação em 2017, dado mais recente disponível sobre o tema. Destes, 84% estudavam em instituições públicas. Entre os alunos de doutorado, esse percentual é maior: 87,9%, contra 84,3% no mestrado e 72,8% no mestrado profissional.


As instituições públicas também são responsáveis por mais de 90% dos alunos de pós-graduação em cinco das nove grandes áreas de conhecimento listadas pela Capes: ciências biológicas (96,3%), ciências agrárias (96,1%), ciências exatas e da terra (95,2%), linguística, letras e artes (90,6%) e engenharias (90%). Nas ciências sociais aplicadas, por outro lado, o peso das públicas é menor, de 60,3%.

Em 16 estados do país, mais de 80% dos alunos de pós-graduação estão matriculados em instituições federais. Por outro lado, em apenas dois o setor privado responde por mais de 20% da demanda: São Paulo (22,1%) e Rio Grande do Sul (31,1%).


A proporção de pós-graduandos em relação à população total também varia bastante de estado para estado. E os que têm menos estudantes de pós tendem a ser justamente os mais dependentes do setor público: nos 10 estados com menor proporção de estudantes com relação à população, o setor público responde por mais de 90% das vagas oferecidas.


Com reportagem de Chico Marés

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