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IBGE: ensino médio público reduz chances de acesso ao nível superior

Apenas 36% dos alunos da rede pública conseguiram entrar numa faculdade. Para os da rede privada, esse percentual (79,2%) mais que dobrou

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1 de 1 Enem - Foto: Hélvio Romero/Estadão Conteúdo

Dos alunos que completaram o ensino médio na rede pública, apenas 36% conseguiram entrar numa faculdade. Para os da rede privada, esse percentual mais que dobrou: ficou em 79,2%. Os números foram divulgados nesta quarta-feira (5/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) IBGE na Síntese de Indicadores Sociais 2018. O dados destacam as desigualdades de acesso ao ensino na pré-escola e no nível superior.

Segundo a pesquisadora do IBGE Betina Fresneda, o país que tem o maior retorno salarial para quem tem nível superior completo entre todos os 36 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O grupo representa grandes economias e do qual o país ainda não faz parte. “Uma pessoa com diploma no Brasil ganhava 2,5 vezes mais do que alguém com ensino médio, enquanto entre os países da OCDE a média era de 1,6 vezes mais. “É uma discrepância que tem a ver com o fato de sermos um país muito desigual”, diz Betina.

Em 2017, de acordo com os dados do relatório, 51,5% dos brancos com ensino médio completo ingressaram no ensino superior. “Já entre pretos e pardos essa proporção era de 33,4%. Ter concluído o ensino médio em uma escola privada atenuou as diferenças segundo cor ou raça: a taxa de ingresso dos brancos provenientes do ensino médio privado foi de 81,9% e a dos pretos ou pardos, de 71,6%”, informo o IBGE.

“O perfil de renda também é bastante desigual”, aponta Betina. As maiores proporções no nível superior eram compostas por alunos cuja renda domiciliar per capita estava no grupo das 25% mais altas do país.

Para a população pré-escolar, as desigualdades por renda também fazem parte da distribuição entre escolas ou creches da rede pública. Em 2017, 74,1% das crianças de 0 a 5 anos frequentavam escola ou creche da rede pública de ensino, mas essa proporção aumentou à medida que caía a renda domiciliar per capita: o quinto com renda mais baixa concentrava 92,9% de suas crianças na rede pública e o com mais alta, 25,1%.

“Das quatro categorias analisadas, quanto mais elevado o estrato de renda ou o nível de instrução, maior a frequência à rede privada”, explica a pesquisadora do IBGE Luanda Botelho. “Entre as crianças que não estavam frequentando escola ou creche e que apresentaram como principal motivo a falta de vagas ou não ter escolas perto da moradia, quem respondeu com mais intensidade foram justamente quem mais dependia da rede pública, que são as pessoas de nível de instrução cada vez mais baixo, com menores quintos de renda, na área rural, e também pretos e pardos”, analisa a pesquisadora.

A publicação destaca ainda que existem metas para o ensino pré-escolar no Brasil, definidas no Plano Nacional de Educação (PNE), institucionalizado em 2014. Segundo o IBGE, o plano prevê a universalização da frequência a creche ou escola para crianças de 4 e 5 anos de idade. Para crianças de 0 a 3 anos, a meta é de 50%. (com informações do IBGE)

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