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Grupo de escolas de elite divulga críticas ao ministro da Educação

Em carta, manifestantes pedem que Ricardo Vélez Rodriguez “não permita que o país entre numa rota de retrocesso”

atualizado

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Rafael Carvalho/Governo de transição
Ricardo Vélez Rodrígues – MEC
1 de 1 Ricardo Vélez Rodrígues – MEC - Foto: Rafael Carvalho/Governo de transição

Um grupo que reúne escolas construtivistas de elite em São Paulo, Rio e Minas divulgou carta ao ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, pedindo que ele “não permita que o país entre numa rota de retrocesso”.

O texto diz que as declarações de Rodriguez até agora “deixam a desejar” e enfatiza que, “com tanto lastro intelectual, é difícil acreditar que V. Excia considere a Escola sem Partido ‘providência fundamental’”, como o novo ministro citou em texto em seu blog na internet. “Afinal, é um grupo de amadores, que carece de saberes básicos sobre educação, e que divulga fantasias sobre influência de partidos políticos sobre estudantes dentro de escolas de Ensino Fundamental e Médio”, continua a carta.

Fazem parte do grupo que assina o manifesto a Escola da Vila, na Zona Oeste, e Escola Viva, na Zona Sul, ambas de São Paulo e com ensino de influência construtivista. São colégios de elite, considerados referências na cidade, cuja mensalidade gira em torno de R$ 4 mil.

O ensino construtivista entende o conhecimento como algo que é construído pelo estudante, a partir de seus interesses e curiosidades, com a mediação do professor. As aulas são estruturadas por meio de projetos que incluem vários saberes e não apenas pela mera transmissão de conteúdo. Uma das grandes preocupações do método é desenvolver o espírito crítico do aluno. Integrantes do governo de Jair Bolsonaro têm defendido que a educação foque conteúdos clássicos, como matemática, química e geografia.

Para o grupo, as ideias do novo governo não são articuladas com as pedagogias contemporâneas, “discutidas e estudadas em todos os países do mundo que se preocupam com formar gerações que consigam interpretar a realidade, em sua complexidade, para lidar com as transformações radicais decorrentes do mundo digital.”

A carta também defende o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) atual, dizendo que ele é feito por professores que tentam ligar o conhecimento a diversos contextos, “que é o que se busca hoje na educação escolar”. Ontem, Eduardo Bolsonaro voltou a criticar a prova e a dizer que ela não pode perguntar sobre feminismo, por exemplo.

A Escola Parque que fica na Barra da Tijuca e na Gávea, no Rio de Janeiro, também faz parte do grupo que assina o texto ao ministro. Tem o mesmo perfil das instituições paulistas e também atende a elite carioca, do ensino infantil ao médio.

As outras duas escolas são de Belo Horizonte, Balão Vermelho e Colégio Mangabeiras Parque. Entre os objetivos da Balão Vermelho estão a “construção da cidadania e autonomia dos alunos, preparando-os para uma maior capacidade de reflexão, valorização da diversidade e respeito ao outro”.

A carta também vai radicalmente contra o argumento de Rodriguez e do presidente de que as escolas estão tomadas por ideias marxistas. “São muitas e complexas as razões que trouxeram a Educação Básica aos péssimos resultados que se repetem há alguns anos. Mas, certamente, entre as muitas principais delas, não estão ideologias de esquerda.”

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