Governo Bolsonaro cortou questões do Enem 2021, diz jornal
Questões teriam sido consideradas “sensíveis”. Trinta e sete servidores do Inep pediram demissão na semana passada
atualizado
Compartilhar notícia
O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria suprimido questões consideradas “sensíveis” do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, que será realizado nos próximos dias 21 e 28. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo o diário, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) passou a imprimir a prova antecipadamente para que mais pessoas analisassem o conteúdo da prova. O diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, Anderson Oliveira, teria retirado 24 questões após uma “leitura crítica”. Dessas, no entanto, 13 foram reinseridas devido à necessidade de calibrar perguntas fáceis, médias e difíceis.
O presidente do Inep, Danilo Dupas, também teria afirmado aos servidores que o Enem não poderia ter perguntas consideradas inadequadas pelo governo Bolsonaro.
O Ministério da Educação (MEC) e o Inep foram procurados pelo Metrópoles, na manhã desta quarta-feira (17/11), mas não se manifestaram sobre o assunto. O instituto também não esclareceu o assunto à reportagem do Estadão. O espaço segue aberto.
Na última semana, 37 servidores pediram exoneração do cargo no Inep às vésperas da realização do Enem.
Os servidores estão em pé de guerra com Danilo Dupas. Há um processo de desmonte da estrutura e saída de gestores técnicos das funções. Os manifestantes acusam o gestor de assédio moral e incompetência.
Na segunda-feira (15/11), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que as questões do Enem não repetirão “absurdos” do passado e que a prova terá “a cara do governo”. O chefe do Palácio do Planalto disse que, anteriormente, os temas de redação “não tinham nada a ver com nada”.
“O presidente fez menção, simplesmente, a algo que é a ideia dele, pô, tem liberdade para isso. O Enem está baseado num banco de dados que foi construído há muito tempo, as questões não estão variando. O governo não mexeu em nenhuma questão do Enem. As questões são feitas de acordo com a metodologia do Inep”, explicou o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), nessa terça-feira (16/11).
Em junho, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, chegou a dizer que teria acesso prévio à prova do Enem para evitar questões “ideológicas”. Uma semana depois, após críticas, voltou atrás e negou.