Enem: questões abordaram direitos humanos e músicas de Cazuza
Entre os assuntos discutidos estão violência contra a mulher, refugiados, racismo e discurso de ódio nas redes sociais
atualizado
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As questões do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) abordaram diversos temas ligados aos direitos humanos, como violência contra a mulher, racismo, refugiados, escravidão e discursos de ódio nas redes sociais. Foram citadas ainda obras dos cantores nacionais para discutir os assuntos, como Cazuza, Frejat e Naiara Azevedo.
No entanto, nenhuma das 90 questões trouxe, por exemplo, a temática LGBT, criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) na edição passada. Neste domingo (03/11/2019), os 5 milhões de candidatos inscritos fizeram a redação e 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas.
Para discutir violência contra a mulher, a equipe responsável pela elaboração da prova, coordenada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), usou a música “Coração pede socorro”, da cantora Naiara Azevedo, abordada pelo governo federal no ano passado.
Outros cantores nacionais citados no Enem 2019 foram Cazuza e Frejat, com o refrão da canção “Blues da Piedade”. O candidato deveria interpretar a letra e dizer o que o cantor quis transmitir.
Neste domingo, os estudantes são testados com uma redação, 45 questões de linguagens e 45 de ciências humanas. O segundo dia do exame, marcado para o domingo que vem (10/11/2019), terá cinco horas de duração, com 45 questões de ciências da natureza e 45 de matemática.
“Uma prova com bastante cara de Enem, sem nenhuma grande surpresa em termos ideológicos, como eles [líderes do atual governo] gostam de falar”, diz Fabio Romano, coordenador editorial de Ciências Humanas do Sistema de Ensino COC.
Ele destaca como positivo o fato de que não houve nenhuma questão polêmica para nenhum dos espectros políticos. “Não caiu nenhuma letra de música de Chico Buarque, Caetano Veloso ou texto de [Karl] Marx. Não caiu socialismo. Não teve texto de Olavo de Carvalho.”
Cláudio Hansen, gerente pedagógico do Descomplica e professor de geografia e atualidades, notou a ausência de alguns temas recorrentes em anos anteriores, como o governo Vargas, Guerra Fria e a Segunda Guerra Mundial, problemas e conflitos urbanos.
“Alguns dos medos que tínhamos em relação a conteúdos deixarem de estar presentes na prova por causa da nova formulação de governo acabaram não se confirmando. Houve questões que tratavam como os direitos das minorias, problemas da concentração de renda, uso do agrotóxicos brasileiros, isso tudo apareceu na prova”, disse.