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Deputado do PSL defende livro de torturador da ditadura nas escolas

A sugestão de Heitor Freire sobre a obra do general Ustra causou indignação e surpresa generalizada no colegiado

atualizado

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Heitor Freire
1 de 1 Heitor Freire - Foto: Reprodução/ Facebook

Durante reunião da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (27/3), o deputado Heitor Freire (PSL-CE) defendeu que o livro “A verdade sufocada”, do general Alberto Brilhante Ustra, único condenado por torturas cometidas durante o período da ditadura militar, seja usado como literatura de apoio aos professores do país.

A sugestão do deputado gerou indignação e surpresa generalizada no colegiado. O parlamentar foi aplaudido pelas colegas de PSL presentes na comissão, as deputadas Carla Zambelli (SP) e Carolina de Toni (SC).

A reunião, requisitada pelos deputados para ouvirem o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, sobre os recentes problemas na pasta, durou quase cinco horas. O ministro saiu sem falar com a imprensa.

Heitor Freire ainda disse que o educador Paulo Freire é uma “fraude” e criticou o título de “Patrono da Educação” dado ao educador O deputado afirmou, erroneamente, que o título teria sido dado pela então presidente Dilma Rousseff (PT).  A honraria, contudo, foi votada e aprovada pelo Congresso.

Poucas respostas
Durante a reunião do colegiado, os parlamentares reclamaram que suas perguntas não foram respondidas pelo ministro Vélez Rodriguez, que recorria aos técnicos para obter dados questionados pelos deputados.

O presidente da comissão, Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), afirmou que aguarda mais informações do MEC.

“Existem mudanças importantes no MEC que preocupam a Comissão de Educação e a gente espera que, o quanto antes, possamos ter, de maneira mais detalhada, um plano estratégico e um plano de trabalho na educação pública do nosso país”.

Olavo de Carvalho
O escritor e guru de parte do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Olavo de Carvalho, foi citado diversas vezes nas mais de cinco horas de reunião. Uma das últimas a direcionar perguntas ao ministro, a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) perguntou quem era o verdadeiro ministro da Educação, Vélez ou Olavo. O ministro não respondeu.

Heitor Freire, que defendeu o uso do livro de Ustra, afirmou que o escritor era “o maior filósofo e pensador contemporâneo do país”. Olavo de Carvalho mora há anos nos Estados Unidos.

O ministro também foi provocado a responder sobre a instabilidade de sua gestão na pasta. Um dos mais incisivos foi o deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE), que parabenizou o ministro pela coragem de comparecer à comissão, citando a ausência de Paulo Guedes na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia anterior. Em seguida, parabenizou Vélez pela “coragem de aparecer sem nenhum dado”: “[O senhor] dá péssimo exemplo aos estudantes brasileiros, principalmente porque veio sem estudar”.

O pernambucano ainda pediu que Vélez não entregue o cargo, pois teme quem poderia vir a sucedê-lo na pasta. O ministro já afirmou diversas vezes que não vai entregar o cargo.

Puxou o tapete
Sobre a última polêmica na pasta, o ministro disse que o agora ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais (INEP), Marcus Vinicius Rodrigues, foi demitido por “puxar o tapete”.

“O diretor-presidente do Inep puxou o tapete, ele mudou de forma abrupta o entendimento que já tinha sido feito para a preservação da base nacional curricular”.

Ele afirmou ter considerado um “ato grave” e um “insulto”. Ele ainda negou e que tenha havido reuniões das secretarias e das presidências do ministério ao longo destes três meses.

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