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De filho de traficante a criminalista: como Joel Luiz virou doutor

O advogado carioca, criado no Morro do Jacarezinho, relatou em 13 tweets detalhes da sua história de vida transformada pela educação

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1 de 1 joel - Foto: Reprodução do Facebook

Ao contar a própria história de vida em 13 tweets, o advogado Joel Luiz Costa, 29 anos, testemunhou sobre o poder transformador da educação. Durante 30 anos, o pai dele, traficante do Morro do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, sonhava ver o filho delegado da Polícia Federal. Para isso, ele o incentivou a estudar direito.

Hoje, Joel é advogado criminal e trabalha pela garantia de direitos humanos, em especial os relacionados à população negra e pobre. O relato nas redes sociais teve mais de 15 mil curtidas e foi replicado 5 mil vezes, até está sexta-feira (9/11). A história começa assim:

Até a publicação dos tweets, pouca gente sabia da história familiar de Joel.  “Decidir contá-la foi uma construção de longo tempo. Antes tinha medo de como as pessoas iriam lidar, vergonha, questão de segurança. Fiquei muito tempo trabalhando isso dentro de mim”, relatou Joel, em entrevista ao Metrópoles.

Somente após se compreender enquanto homem negro, favelado e estudar sobre as implicações sociais dessa vivência, ele se sentiu à vontade para tornar pública sua trajetória. “Respeito a minha história. Antes eu era só o Joel, advogado da Zona Norte, hoje, faço questão de dizer quem sou onde chego, isso me engrandece”, afirma.

A mensagem principal que o advogado desejava passar é que só a educação salva. “A diferença entre eu e meus clientes (*pessoas pobres, negras que cometeram crimes) é o estudo. Por isso sou chamado de doutor e eles continuam sendo tratados como mais um neguinho. Somos pretos, saímos do mesmo buraco, tivemos as mesmas dificuldades no início da vida”, diz.

Joel também quis desfazer a dicotomia entre bem e mal que predomina em uma sociedade onde o estereótipo do bandido é alguém “pobre, de bermuda e chinelo”.

“Tem uma música dos anos 90 que diz: nem sempre a maldade humana está em quem porta um fuzil, tem gente de terno e gravata matando o Brasil acima de tudo. Em tempos de Lava Jato é importante deixar isso claro”, explica.

Estudar no Brasil ainda é um privilégio e isso salvou a minha vida, me salvou de entrar pro tráfico

Joel Costa, advogado

O criminalista é criador do Núcleo Independente e Comunitário de Alfabetização – Jacarezinho (Nica), voltado para alfabetização de idosos. “Nica era o apelido da minha avó, que não sabia ler e escrever. Ela ajudou a me criar e eu via as dificuldades que ela passava”, afirma.

O advogado também organiza um cursinho comunitário voltado para quem deseja fazer vestibular. “Quero usar o meu privilégio a favor da favela, para que essas pessoas possam viver em plenitude”, diz.

Joel relatou já ter recebido convite para transformar o enredo da vida real em filme e livro. O pai dele, hoje com 55 anos e vivendo no Rio de Janeiro, ainda não foi consultado sobre a possibilidade.

Ele também é colunista do site Agência de Notícias das Favelas (ANF), onde se apresenta como “advogado criminalista, favelado e pai de casal. Apaixonado pelo Flamengo, Jacarezinho e Estação Primeira de Mangueira.”

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