Brasil perde mais de 2,5 mil creches particulares na pandemia
O fechamento das instituições particulares fez aumentar a demanda sobre as creches e escolas públicas
atualizado
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O Brasil perdeu 2.559 creches privadas entre 2020 e 2021, anos em que ocorreu o auge da pandemia de Covid-19, de acordo com a última edição do Censo Escolar, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgados neste mês. As informações foram destacadas pelo G1 e levam em consideração tanto as instituições de ensino que cobram mensalidades dos alunos, quanto as conveniadas com alguma prefeitura.
Os dados apontam que o maior impacto foi sentido nas regiões Nordeste e Norte. No Nordeste, 16% das unidades foram fechadas. No Norte chegam a 9%.
Com a falência das creches particulares, a previsão é de que se aumente a demanda pela educação pública neste ano. Essa pressão já vinha sendo exercida devido dificuldade das famílias em pagar por escolas particulares.
“Naturalmente, vai haver uma pressão maior na esfera municipal”, disse Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo da ONG Todos Pela Educação, à reportagem.
O secretário de Educação da cidade do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, também foi ouvido e apontou que o demanda por creches municipais já está sendo percebida.
Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o secretário de Educação, Renan Ferreirinha, notou um aumento na demanda por creches municipais. “A gente tem percebido que, com a ‘quebradeira’ do setor privado e o empobrecimento da população, a procura só aumentou”, disse.
Segundo ele, no Rio de Janeiro, em 2021, 22 mil crianças aguardavam por uma vaga na fila, enquanto 84 mil estavam matriculadas.
Em 2022, a prefeitura do Rio ampliou a capacidade de atendimento, e o número de alunos em creches públicas e parceiras subiu para 92 mil.
Ainda assim, mesmo com esse aumento de 8 mil matrículas, a fila diminuiu pouco: 20 mil manifestaram interesse em estudar, mas não foram contemplados.”Estamos tentando não deixar ninguém para trás”, destacou Ferreirinha.
Outra consequência da falência das creches privadas é a demissão de professores. No ano passado, 6.537 professores deixaram de trabalhar em creches entre 2020 e 2021.