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Alunos de colégios militares não podem disputar Olimpíada de História

Jovens foram proibidos de participar da competição nacional que terá questões sobre ideologia de gênero e visibilidade indígena

atualizado

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Colégio Militar de Brasília
Colégio Militar de Brasília
1 de 1 Colégio Militar de Brasília - Foto: Colégio Militar de Brasília

A Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial (Depa), órgão para apoio técnico-normativo do Departamento de Educação e Cultura do Exército, proibiu a participação de estudantes do Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB) na 11ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). A competição teve início no dia 6 de maio e a última etapa ocorrerá apenas em agosto.

Procurada pelo Metrópoles, a assessoria de comunicação social da Depa confirmou que os alunos não poderão participar da disputa por dois motivos. O primeiro é pelo fato de a competição “não atender à proposta pedagógica do sistema [SCMB]”, na avaliação do Exército. O segundo, por “conflitos com o calendário pedagógico” das escolas militares.

A decisão rompe com uma tradição desses colégios de ter representantes em quase todas as competições de conhecimento realizadas no país e no exterior. Assim, não há registro de não participação das escolas militares em edições anteriores da Olimpíada Nacional de História.

Conflito ideológico
Concordando em conversar com o Metrópoles sem ser identificado, um dos “atletas” brasilienses disse ter sido informado sobre o posicionamento da Depa na última sexta-feira (10/05/2019).

Segundo ele, um oficial responsável pelas atividades extracurriculares teria comunicado a decisão ao corpo docente do Colégio Militar de Brasília (CMB), que repassou a informação oficial aos estudantes. Contudo, um dos professores-orientadores da competição no CMB teria revelado aos alunos o real motivo da não participação: “conflitos ideológicos”. Outros estudantes confirmaram a informação.

Conforme explicaram os alunos, a primeira fase da olimpíada terminou nesse sábado (11/05/2019). Os testes, realizados virtualmente, tinham “uma ou duas questões de identidade de gênero e visibilidade indígena”, segundo detalhou um estudante do ensino médio.

De acordo com os alunos ouvidos pela reportagem, a presença de representantes da unidade de ensino do DF era comum na atividade extracurricular, que conta com seis fases on-line antes da etapa final, marcada para os dias 17 e 18 de agosto, em Campinas (SP). A competição é desenvolvida pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas e tem apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Censura”
“Mas isso é normal. O que teve hoje foi censura e isso mostra como o ensino dos colégios militares são, sim, ideológicos”, disparou um dos estudantes. “Inclusive, já chegamos nas etapas finais várias vezes. Fardados e tudo mais”, acrescentou.

Até o momento não houve uma declaração oficial aos alunos dos colégios militares. Eles, inclusive, não sabem como ocorrerá o reembolso da taxa de inscrição, de aproximadamente R$ 30 por estudante.

“Vamos continuar participando até que haja uma determinação oficial, porque é muita falta de respeito com a gente”, desabafou um dos participantes do CMB.

Em nota, a assessoria de imprensa da 11ª Olimpíada Nacional em História do Brasil disse ao Metrópoles que ainda não foi notificada sobre o veto à participação dos alunos dos colégios militares na competição. Além disso, ressalta que “a coordenação da olimpíada não tem qualquer ingerência sobre as escolas.”

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