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Eduardo Cunha orientou deputado a fazer pressão em operador do PSDB

A mensagens estão com a Polícia Federal, que investiga a influência do ex-presidente da Câmara dos Deputados, na CPMI do Cachoeira, em 2012

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1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Um relatório da Polícia Federal (PF) anexado em abril deste ano à Operação Lava Jato, no Paraná, registrou a articulação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ) para supostamente “emparedar” o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza durante a CPMI do Cachoeira, em 2012.

Em 29 de agosto daquele ano, Vieira de Souza, apontado como operador do PSDB, prestou depoimento aos parlamentares para explicar suspeitas de superfaturamento na obra de ampliação da Marginal Tietê, parte dela sob responsabilidade da Delta, construtora que a Polícia Federal incluiu no esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira.

O documento da PF é de 2016, mas foi juntado aos autos da Lava Jato no Paraná, no mês passado. Dois dias antes do depoimento, Eduardo Cunha recebeu um e-mail com 20 perguntas para Vieira de Souza. A mensagem, segundo a PF, foi enviada por um interlocutor identificado como Hugo Fernandes Neto, que seria ligado ao PMDB e à campanha de 2012.

Os questionamentos alcançavam parlamentares tucanos, a filha de Paulo Vieira de Souza e o trabalho do executivo no Desenvolvimento Rodoviário S/A. Na lista estava ainda uma pergunta sobre a prisão do ex-diretor da Dersa em 2010 – na ocasião, ele foi detido em flagrante ao negociar joia em loja de luxo de um shopping na capital paulista.

As mensagens constam do celular de Eduardo Cunha apreendido na Operação Catilinárias, em dezembro de 2015. Por ordem do juiz federal Sérgio Moro, a pedido da defesa do ex-deputado, o aparelho vai passar por uma nova perícia. O emedebista está preso desde outubro de 2015. Ele foi condenado, pelo Tribunal da Lava Jato, a 14 anos e 6 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

No dia do depoimento do ex-diretor da Dersa, Eduardo Cunha foi avisado em mensagem enviada pelo então deputado Leonardo Picciani (MDB-RJ) que o então presidente em exercício da CPMI, Paulo Teixeira, havia mudado a ordem dos depoimentos.

“Colocou o Paulo Preto depondo primeiro”, relatou Picciani, às 13h. “Tô aqui na CPI.” Cunha não gostou. “Pqp cagada. Não pode isso é sacanagem. Isso pode atrapalhar a gente. Cade o Vital. É o Vital quem tem de determinar a pauta ela é exclusiva do presidente e não do presidente em exercício o ato é dele. Prerrogativa dele não pode ser mudada até porque se o cara não vai falar é melhor resolver logo.”

O então deputado Eduardo Cunha se referia ao senador Vital do Rêgo (MDB-PB), presidente da CPMI. Paulo Teixeira era o vice-presidente da Comissão.

Segundo o relatório da PF, durante a conversa, Eduardo Cunha enviou mensagem a um usuário identificado como “Novo”, “orientando a não aceitar as alterações de ordem feitas por Paulo Teixeira”.

“Não aceita a decisão que foi tomada pelo Paulo Teixeira de mudar a ordem divulgada e por Paulo Preto primeiro”, ordenou Cunha, às 13h11.

“Ok”, respondeu o deputado “Novo”.

“Se mudar, faz questão de ordem que a agenda divulgada era primeira Fernando (Cavendish) e depois Paulo Preto”, afirmou Cunha.

“O Preto vai falar?”, perguntou “Novo”.

“Vai”, informou Cunha.

Às 14h38, Cunha, então, passa a orientar “Novo” a emparedar o operador do PSDB. “Faz as perguntas do Adir Assad e do caso Gucci. Da filha dele advogada. E do voo do Datena e Serra para obras do Rodoanel de helicóptero se ele estava no voo”, manda.

As perguntas de Eduardo Cunha eram as mesmas que ele havia recebido por e-mail. Adir Assad é um dos operadores financeiros presos e condenados pela Lava Jato.

Novo responde. “Ok, mas minha inscrição é uma das últimas.”

“Sem probs. Só essa 4 será uma cagada”, afirma Eduardo Cunha.

Prisão
Paulo Vieira de Souza foi preso em 6 de abril deste ano por determinação da 5ª Vara Criminal Federal do Estado de São Paulo. Na sexta-feira (11) o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a prisão do ex-diretor da Dersa. Ele estava encarcerado na penitenciária de Tremembé, cidade do interior de São Paulo.

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