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Editora suspende distribuição de livro sobre João de Deus

Companhia das Letras diz estar “surpreendida com as denúncias de práticas de estupro e de abuso sexual contra o médium”

atualizado

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livro, João de Deus
1 de 1 livro, João de Deus - Foto: Reprodução

A Companhia das Letras anunciou nesta segunda-feira (10/12) que suspendeu a distribuição do livro João de Deus: Um Médium no Coração do Brasil, publicado pelo selo Fontanar em 2016. A obra é de autoria de Maria Helena Pereira Toledo Machado, professora de história na Universidade de São Paulo (USP) e frequentadora da Casa Dom Inácio de Loyola, onde o religioso promove seus atendimentos, na cidade de Abadiânia (GO). Por meio de nota, a editora disse estar “surpreendida com as denúncias de práticas de estupro e de abuso sexual contra o médium” e que tomou a decisão de “comum acordo com a autora”.

As denúncias vieram à tona na madrugada de sábado (8), durante o programa Conversa com Bial, da Rede Globo, que trouxe relatos de quatro mulheres que diziam terem sofrido abuso sexual em Abadiânia. “Ele me pediu para ficar de costas e começou a passar a mão pelo meu corpo. Eu fiquei incomodada e pensei: até que ponto você pode deixar um médium passar a mão pelo seu corpo?”, disse uma das entrevistadas, cuja identidade foi mantida em anonimato.

No total, foram ouvidas 10 pessoas que afirmam ter sofrido abusos. A única identificada foi a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus, que esteve no local de atendimento do médium em 2014. “Eu tinha medo de eles me mandarem espíritos ruins. Eu estava com muito medo. Agora me sinto protegida e sinto que a verdade tem de vir à tona”, afirmou Zahira, que conversou com Pedro Bial nos estúdios do programa.

O Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás abriram investigação contra o religioso e somente na segunda-feira (10) a força-tarefa criada pelo MP recebeu 40 denúncias. As duas instituições começaram a agendar os depoimentos. As conversas informais ouvidas até o momento pelo MP indicam que a investigação terá como ponto central o abuso sexual.

Será avaliada também a prática de outros crimes, mas nem Ministério Público nem Polícia Civil informaram quais seriam os demais delitos.

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