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Edital do BB para selecionar filmes pergunta se haverá nudez ou drogas

Sindicato dos Bancários de São Paulo solta nota e afirma que “começa a censura à arte no governo Bolsonaro”

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Um edital aberto nesta terça-feira (13/08/2019) pela BB DTVM, empresa gestora de fundos de investimentos ligada ao Banco do Brasil, chamou a atenção por questionamentos inusitados. Para a seleção de filmes que poderão receber recursos da empresa via Lei do Audiovisual, o formulário de inscrição traz, no campo “informações adicionais”, perguntas como: “Serão exibidas cenas de nudez ou de sexo explícito?”,  “A obra faz referência a crimes, drogas, prostituição?” e “Tem cunho religioso ou político?”.

Nos anos de 2017 e 2018, nesta mesma oferta de recursos via Lei do Audiovisual, a BB DTVM não apresentou perguntas dessa natureza.

O secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, João Fukunaga, funcionário do BB, criticou o edital. “É um absurdo o governo usar o Banco do Brasil para aplicar esta clara tentativa de censurar, através da força do dinheiro, o cinema brasileiro. Se um filme aborda uma temática relacionada a uma religião diferente da do presidente, não poderá ser realizado? Vários filmes brasileiros com cenas de nudez são premiados internacionalmente. O BB deveria zelar pela pluralidade de ideias e de temas”, ressaltou.

“Vetar que empresas públicas financiem obras cinematográficas devido ao seu conteúdo é uma clara tentativa de censura, a qual o presidente do banco público, Rubem Novaes, corrobora”, completou Fukunaga.

Censura
No endereço eletrônico do sindicato, uma nota intitulada “Começa a censura à arte no governo Bolsonaro”, Fukunaga ataca tanto o governo quanto a direção do BB. “Além de atentar contra o Estado laico, a postura do governo e da direção do banco é extremamente equivocada, uma vez que não é doação para a produção, mas sim um investimento que traz retornos não só financeiros, mas como forma de fomento a uma indústria e de preservação do patrimônio cultural do nosso país”, disse.

A nota ainda ressalta que o filme “Bruna Surfistinha” utilizou recursos da Lei do Audiovisual e teve orçamento de R$ 4 milhões. O longa foi visto por 2,1 milhões de pessoas e gerou renda de R$ 20 milhões. “Mesmo assim, o governo coloca em prática sua tentativa injustificada de censurar obras de arte”, destaca a nota.

Em julho, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a provocar polêmica entre o meio artístico ao afirmar que não admitiria que com o dinheiro público se faça um filme como Bruna Surfistinha.

Em abril, Bolsonaro vetou uma campanha publicitária do Banco do Brasil protagonizada por jovens negros e tatuados, além de uma transexual. “A linha mudou. A máxima agora é de respeito à família, mas ninguém quer perseguir minoria nenhuma, só não queremos que o dinheiro público seja usado assim. Não é a minha linha”, disse o presidente.

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