Economize até R$ 10 mil e leve o Pulse 1.3 manual. Mas, vale a pena?
Versão do mini SUV com esse câmbio custa R$ 86.056 e tem pacote de equipamentos semelhante ao do automático. O que pesa na hora da escolha?
atualizado
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Um estudo recente do Automotive News Canadá constatou o que parece óbvio até mesmo aqui no Brasil: a quantidade de novas tecnologias adotada (principalmente de segurança) nos modelos mais novos está matando o câmbio manual. Mesmo assim, eles – como terraplanistas ou anticiências – resistem.
O Pulse, o mini-Suv da Fiat que chegou ao mercado no ano passado sob intensa campanha publicitária, tem uma versão manual na linha das cinco opções à venda. Nos SUVs médios para cima – tipo Jeep Renegade (até 2021) ou Chevrolet Tracker -, praticamente já não há opções.
Às vezes, nem usados se encontram à disposição por aí. Até a Strada se rendeu e lançou versões com transmissão manual. Numa rápida busca nos sites especializados se vê um Tiggo 2 Like, da Caoa Chery, ou o Duster 1.6 Zen, da Renault. As vendas das versões manuais do popular Onix (sedã ou hatch) têm desempenho pífio em 2022. O próprio Argo, da Fiat, transformou uma versão especial em regular (a aventureira Trekking) em razão da pouca procura pela transmissão manual.
Bem, o Entre-eixos testou o Pulse 1.3 Drive 2022. Sim, há ainda muita discussão nas redes sociais sobre o que seria de fato o Pulse: um SUV ou um Argo com cara de aventureiro, com capô alto e molduras ‘robustas’ das caixas de roda? O Inmetro o enquadra, sim, como um utilitário esportivo – e compacto. A discussão é longa – e muitas vezes chata.
A versão avaliada foi a mais barata. E ela começa em R$ 86.056! Com cores metálicas, seu preço sobe R$ 1.967. Com o opcional pack multimídia touchscreen 10,1″ – muito para bom os padrões, com Apple CarPlay e Android Auto sem fio e comandos de voz – , acrescente R$ 983. No final, se você conseguir ignorar a grande quantidade de acessórios da Mopar, da própria Fiat, você terá o Drive manual de cinco marchas na garagem por R$ 89.006 (vale negociar os R$ 6, né?). O Pulse Drive automático, por sua vez, larga em R$ 94.804.
Então: por uma diferença de R$ 8 mil a R$ 10 mil, dependendo da configuração, vale a pena ter a manual? Afinal, o motor é o mesmo para ambas. A lista de equipamentos é muito semelhante – e os detalhes visuais são quase insignificantes, como retrovisor e maçaneta em preto (nas demais, usa-se as cores da carroceria).
A lista de equipamentos é interessante – e, de novo, é preciso lembrar do valor cobrado pelos ‘populares’ na faixa dos R$ 80 mil, ou quase todos os disponíveis no mercado brasileiro.
Àquele famoso trio-elétrico de outrora (de VE e DH) que acompanhava os carros de câmbio manual foram incorporados ar-condicionado automático digital, computador de bordo (com telinha de 3,5”), central multimídia de 8,4”, assistente de partida em rampas e quatro airbags!!
Sem falar nos controles de estabilidade e tração e no sistema de monitoramento de pressão dos pneus. Ou nos faróis, lanternas e luzes diurnas em LED, direção elétrica. E outras coisas inimagináveis há alguns anos: alertas de limite de velocidade e manutenção programada, quatro alto-falantes, apoios de cabeça dianteiros com regulagem de altura (!), chave-canivete que abre as portas, volante quase multi-funcional etc.
A vida a bordo nesta versão do Pulse não empolga, mas também não decepciona. O acabamento é à base de plástico (como seria de um popular, mas não a R$ 90 mil). Ainda assim, mantendo boa parte dos materiais usados no acabamento. Sim, são muitos plásticos – até macios ao toque. Para quem tem 1,80m de altura há dificuldades na entrada e na saída – mesmo valendo-se da regulagem de altura do banco do motorista.
Aliás, vamos falar mais sobre espaço: por lei, é carro para cinco passageiros. Mas o do meio vai sofrer sempre – e isso quase padrão em carros ‘populares’. O porta-malas não é de família: são 370 litros que garantem duas bolsas, uma mala…
Para jovens de classe, de primeiro carro, que se preocupam com gastos em combustíveis, viagens curtas e outros pormenores, é uma boa opção.
Motor
O motor do Pulse manual é o conhecido 1.3 de quatro cilindros. Mas, segundo a Fiat, foi aperfeiçoado, digamos assim, para cumprir normas ambientais ao reduzir o consumo – e os ruídos também. Isso praticamente não alterou potência e torque (107 cv e 13,7 kgfm), mas o deixa mais responsável ambientalmente e, claro, mais econômico.
Vale reforçar, sempre: o consumo está associado a fatores como ‘ansiedade’ e o peso do pé do motorista, do tráfego, da quantidade de pessoas transportadas, do uso do ar-condicionado e por aí vai. Mas a média (de painel, sem análise aprofundada) no período de testes foi 8,0 a 8,5km/litro nas vias urbanas e algo em torno dos 12 km/litro nas estradas (com gasolina).
A largada e reacelarações são, digamos assim, normais: não espere, por exemplo, que o Pulse 1.3 seja como o 200, que oferta potência de até 130cv e torque de 20,4 kgmf. Nem espere largadas rápidas: 12,8 ou 13 segundos de 0 a 100 km/h são suficientes para seu dia a dia?