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Volta de Lula pode levar Bolsonaro ao populismo, dizem economistas

Especialistas afirmam que a chance de uma disputa eleitoral entre Lula e Bolsonaro em 2022 ameaça agenda liberal defendida por Paulo Guedes

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LULA MARQUES/ AGÊNCIA PT E GABRIELA KOROSSY/ CÂMARA DOS DEPUTADOS
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1 de 1 lulabolsonaro-840×562 - Foto: LULA MARQUES/ AGÊNCIA PT E GABRIELA KOROSSY/ CÂMARA DOS DEPUTADOS

A chance de uma disputa eleitoral em 2022 entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é vista por especialistas como uma ameaça à agenda liberal defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para economistas ouvidos pelo Metrópoles, Bolsonaro deverá abandonar as privatizações e priorizar pautas assistencialistas com a intenção de agradar o eleitorado de Lula.

Logo após o anúncio da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, de anular os processos do ex-presidente, os principais indicadores econômicos começaram a responder negativamente. O dólar passou a operar em forte alta, chegando a R$ 5,79 nesta segunda-feira (8/3), enquanto o Ibovespa caía a quase 4%.

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Lula pouco antes da prisão, em abril de 2018
Lula pouco antes da prisão, em abril de 2018
Lula pouco antes da prisão, em abril de 2018
Lula pouco antes da prisão, em abril de 2018
Lula pouco antes da prisão, em abril de 2018

Com esses elementos na mesa, o economista-chefe da Nécton, André Perfeito, afirma que os próximos passos de Bolsonaro tenderão ao populismo.

A agenda de privatizações, por exemplo, nos parece mais frágil hoje e muito provavelmente Bolsonaro elevará as parcelas do auxílio emergencial para contrapor a popularidade de Lula nos segmentos mais humildes da sociedade”, ponderou.

O especialista também chama atenção para a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (COPOM) aumentar a taxa Selic (a taxa básica da economia, que regula juros e outros preços) em 50 pontos nos próximos meses, chegando a 5%. Hoje, a taxa está em 2% ao ano. A mudança, de acordo com o economista, provocará uma curva de juros bastante inclinada ainda em 2021.

A economista da Nécton, Nathalie Marins, entende que a pressão no governo por políticas assistencialistas existe mesmo sem a chegada de Lula na disputa eleitoral.

“Acredito que o Bolsonaro pode tentar algum movimento contrário à equipe econômica nos próximos dias, elevando o atrito com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Isso pode ser feito a partir do aumento do valor ou da extensão do auxílio emergencial, o que é contrário à pasta”, afirmou. Em sua avaliação, o valor estabelecido para o benefício de R$ 250 parece pouco.

Guedes explicou, no entanto, que esse é um valor médio. Nessa segunda-feira (8/3), o ministro anunciou que o auxílio emergencial ficará entre R$ 175 e R$ 375.

“Se for uma família monoparental, dirigida por uma mulher, aí já é R$ 375. Se tiver um homem sozinho, já é R$ 175. Se for o casal, os dois, ai já são R$ 250. Isso é o Ministério da Cidadania, nós só fornecemos os parâmetros básicos, mas a decisão da amplitude é com o Ministério da Cidadania”, justificou em coletiva no Palácio do Planalto.

O economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, explicou que essa retomada do benefício foi essencial para manter o eleitorado que Bolsonaro tirou do Lula. “O presidente vai querer preservar a indicação política que ele conseguiu”, afirmou.

Sobre abandonar a agenda liberal, Vieira diz que essa é uma “tentação” do governo. “Ao mesmo tempo, acredito que o Congresso não se contraponha ao Paulo Guedes. Manter os policiais civis e militares na PEC é um sinal disso”, pondera.

A solução, no diagnóstico do economista, para Bolsonaro reconquistar o mercado são as reformas tributária e administrativa. “A sinalização de reformas desidrata o Lula na hora. Ninguém vai trocar um viés político dentro do país que está funcionando economicamente. O mercado está preocupado com segurança política e institucional”, finalizou.

A votação da proposta na Câmara ocorrerá nesta quarta-feira (10/3). O texto precisa ser aprovado sem a inclusão de emendas, uma vez que, se isso ocorrer, retorna para análise do Senado.

O principal empecilho, atualmente, é o congelamento salarial de servidores públicos, entre eles militares e policiais civis. A alteração foi um pedido da equipe econômica como forma de contrapartida fiscal aos gastos públicos gerados pelo auxílio emergencial.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no entanto, sinalizou que pode até aceitar um acordo pela alteração, desde que não seja desfigurado por completo o texto original.

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