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Veto a frigoríficos é retaliação ao governo Bolsonaro, diz líder árabe

Segundo ex-secretário-geral da Liga Árabe, descredenciamento de empresas é consequência da transferência da embaixada brasileira para Israel

atualizado

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AGÊNCIA BRASIL
Trabalhadores em frigorífico
1 de 1 Trabalhadores em frigorífico - Foto: AGÊNCIA BRASIL

Davos (Suíça) – A decisão da Arábia Saudita de descredenciar cinco frigoríficos brasileiros que exportam para o país, anunciada nesta terça-feira (22/1), é uma retaliação ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), em função da decisão de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

A informação foi dada em Davos, na Suíça, pelo ex-secretário-geral da Liga Árabe (organização que reúne 22 países árabes), Amr Moussa.

“O mundo árabe está enfurecido [com o Brasil]”, disse Moussa, um dos diplomatas do Oriente Médio de maior influência na região e que participa do Fórum Econômico Mundial. “Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil. Muitos de nós não entendemos o motivo pelo qual o novo presidente do Brasil trata o mundo árabe desta forma”, completou.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o motivo alegado para o veto aos frigoríficos foram questões técnicas, que estariam sendo solucionadas. A entidade disse, ainda, que o embargo atinge apenas cinco plantas que exportam frango à Arábia Saudita.

“Atualmente, 58 plantas são habilitadas pelo Ministério da Agricultura brasileiro a exportar, mas somente 30 estavam embarcando produtos efetivamente. [Entre as 30] a Arábia Saudita mantém a autorização de exportação de 25 plantas”, explica a ABPA em nota.

Pressão da Liga Árabe
Há poucas semanas, a Liga Árabe decidiu aumentar a pressão sobre o governo de Bolsonaro e aprovou, no Cairo (Egito), uma resolução pedindo que o Brasil “respeite o direito internacional” e que abandone a ideia de mudar a embaixada para Jerusalém, o que significaria o reconhecimento da cidade como capital de Israel.

Outra decisão anunciada foi o envio de uma “delegação de alto escalão” ao Brasil para lidar com a crise e para informar ao novo governo de Bolsonaro sobre a necessidade de “cumprir o direito internacional” no que se refere à situação de Jerusalém – cidade que também é disputada pelos palestinos para ser a capital de seu Estado.

O conselho da Liga Árabe decidiu, também há algumas semanas, comunicar aos embaixadores brasileiros nos diferentes países árabes sobre “qualquer ato que viole o status legal e histórico de Jerusalém”. De acordo com os palestinos, o recado iria alertar que “Estados membros da Liga Árabe tomariam as medidas políticas, diplomáticas e econômicas necessárias em relação a essa ação ilegal”.

“Eu acredito que tais medidas [como o descredenciamento dos frigoríficos] vão continuar”, disse Moussa. “A única forma de evitar isso é se o Brasil desistir dessa ideia. Jerusalém é uma capital de dois Estados, não de um”, concluiu.

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