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Venda de cosméticos bate recorde, mas falsificações preocupam setor

Exportações cresceram 14,6% neste ano. Entrentanto, pirataria ocupa 3º lugar no ranking. Especialista Higor Guerin alerta para riscos

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Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles
Brasília (DF), 19/08/2019. Carolina Oliveira mostra maquiagem com cosméticos comprados em farmácia. Foto: Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 19/08/2019. Carolina Oliveira mostra maquiagem com cosméticos comprados em farmácia. Foto: Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles - Foto: Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles

Com o setor em franco crescimento, o varejo de cosméticos está preocupado com a falsificação de produtos, que chegam ao mercado sem qualidade e causam um prejuízo bilionário. Se para as empresas o impacto é grande, o consumidor deve estar atento aos riscos do uso de itens falsos. Este é o terceiro item mais fraudado no Brasil.

No aspecto econômico, o setor não tem grandes motivos para reclamar. No primeiro semestre, as exportações cresceram 14,6%, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram US$ 381,2 milhões em venda para o exterior. Atualmente, o setor exporta para 173 países.

No mesmo recorte de tempo, as importações caíram 4,8% e atingiram US$ 348,9 milhões. Com isso, o setor teve superávit de US$ 32,3 milhões. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). O resultado é o melhor desde 2010, segundo a entidade.

Contudo, a pirataria de produtos de beleza gerou em 2021 um prejuízo de R$ 21 bilhões, segundo levantamento da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ) e da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

O setor perde apenas para o mercado de vestuário, que acumulou perdas de R$ 60 bilhões com as fraudes; e de combustíveis, que sofreu perdas que alcançam R$ 26 bilhões.

Mudança na pandemia

O consultor de negócios em cosméticos Fabio Sacheto, que atua no setor há 20 anos, explica que após a pandemia de Covid-19, as pessoas passaram a consumir mais esse tipo de produto, o que justifica a alta no mercado.

“As pessoas querem se cuidar. Com a pandemia, o consumidor começou a olhar para si. As pessoas passaram a se cuidar mais. A consulta de cosméticos que mais cresceu é de tratamento”, comenta.

Ele salienta que para se vender produtos falsificados existe uma promessa muito forte de resultados milagrosos. Além disso, a fabricação e o uso são arriscados. “De fato existe uma preocupação muito grande. O mercado que tem muitas possibilidades também tem muito oportunistas”, pontua.

Ele emenda: “As pessoas [que usam produtos falsos] procuram produtos milagrosos e com preços muito abaixo de mercado. Caem em propaganda na internet, por exemplo, com fotos transformadoras, com gatilhos mentais que prometem milagres, mas não passa de fantasia”.

Risco para a saúde

O farmacêutico especializado em estética Higor Guerin, responsável técnico por clínicas em Curitiba (PR) e em São Paulo (SP), é categórico: o risco é grande no uso desses produtos falsificados.

Ele pondera que apesar da grande oferta e do fácil acesso é preciso ter cuidados da procedência. É necessário observar embalagem, número do processo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dados da indústria que fabricou o produto e selos de garantia.

“Houve um grande crescimento neste setor. Os cuidados com a beleza estão cada vez mais presentes na rotina do brasileiro. Contudo, é preciso cuidado, responsabilidade”, frisa.

“Normalmente, eles são produzidos com matéria prima sem procedência e sem testes de eficácia e possíveis reações adversas. É muito comum  pessoas que utilizaram falsificados e sofrerem sérios problemas de alergias e até compleições graves”, explica.

Veja dicas de como identificar cosméticos falsificados:

  • Observe a embalagem com atenção. Ainda que a embalagem e o rótulo dos produtos falsificados sejam muito parecidos com a versão original, note os pequenos detalhes.
  • Aspectos como cor, qualidade da impressão e até algumas informações básicas podem variar em relação ao produto original e entregar a falsificação.
  • Cheque informações básicas, como lote, número do processo na Anvisa, dados da indústria que fabricou o produto, selos de garantia e SAC.
  • Atente-se às características do produto, como cor, odor e consistência.
  • Note a qualidade da embalagem e/ou acessórios que acompanham o produto. Mesmo que a embalagem seja muito parecida com a original, aplicadores e acessórios que acompanham o produto podem entregar a falta de qualidade de uma versão falsificada.
  • Compre seus produtos diretamente na loja oficial da marca ou em lojas autorizadas e com reputação conhecida, como farmácias, lojas físicas de cosméticos e lojas online bem avaliadas.
  • Não aceite produtos com o lacre rompido ou com alguma informação faltando no rótulo.
  • Caso só note depois de chegar em casa, entre em contato com a empresa.
  • Desconfie de preços muito baixos. Se ficar na dúvida, informe-se com o(a) atendente sobre a razão do valor baixo para aquele produto. Existe a possibilidade de estar acontecendo uma promoção, finalização de um estoque e até uma troca de fórmula, mas valores muito baixos podem ser um sinal vermelho.

Fontes: Sebrae, Anvisa, Panorama Farmacêutico

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