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Vacinação em massa é vital para recuperar empregos no ano que vem

Em meio a uma disputa sobre como se dará a campanha de imunização da Covid, início do ano que vem deve registrar novos picos de desocupação

atualizado

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1 de 1 carteira de trabalho - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Para os especialistas em mercado de trabalho é preciso que o País avance em um programa consistente de vacinação contra a Covid-19 no ano que vem, se quiser reduzir os efeitos negativos da pandemia nos empregos e na renda. O ano, marcado por recordes de desemprego, se encerra com a perspectiva de novos picos de desocupação no começo de 2021, quando um contingente de desempregados que era beneficiado pelo auxílio emergencial deve voltar a buscar uma nova ocupação, após o fim do benefício.

Enquanto autoridades brigam pela condução da corrida pela vacinação contra o novo coronavírus e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levanta dúvidas sobre a eficácia e segurança das vacinas, o país aguarda uma definição do início do programa de imunização, o que pode definir se a economia brasileira terá o mesmo ritmo de recuperação de países em que a vacinação já começou.

A taxa de desemprego era de 14,2% em novembro, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid, iniciada em maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo mês, o país criou 414,6 mil vagas formais, um recorde, mas que não repõe as perdas do ano, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.

Na visão de economistas ouvidos pelo Estadão, a taxa de desocupação no país deve bater no maior patamar já visto no primeiro trimestre de 2021, quando o auxílio emergencial não deverá mais ser concedido aos brasileiros que mais sentiram os impactos econômicos da Covid-19.

Para o consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Eduardo Zylberstajn, há dois pontos importantes ao se avaliar o impacto positivo da vacina na recuperação dos empregos. “O primeiro é que quanto mais pessoas forem vacinadas, mais rapidamente elas poderão retomar suas atividades. Mas também haveria uma mudança de expectativas: cai a incerteza e com isso investimentos e gastos das famílias, com viagens, por exemplo, poderiam voltar, no curto prazo.”

“É preciso produzir em larga escala e distribuir a vacina para voltar, na medida do possível, à vida ‘pré-coronavírus’. Só com o fim da pandemia é que vamos poder vislumbrar uma recuperação plena da atividade econômica e gerar mais empregos”, afirma o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Marcel Balassiano.

Clemente Ganz Lúcio, sociólogo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), concorda que a vacinação será crucial para recuperar o mercado de trabalho em 2021. Ele só pondera que isso não resolve todos os problemas, e que o desemprego já era alto mesmo antes da pandemia.

No trimestre até fevereiro, a desocupação era de 11,6%, pela Pnad Contínua (a pesquisa feita habitualmente pelo IBGE e com metodologia diferente da Pnad Covid). “A superação da crise deve ser orientada por um projeto que mobilize a recuperação da capacidade de investimento público em infraestrutura econômica e social.”

Enquanto isso, o país vê o número de infectados e de mortos em uma nova escalada, no que muitos avaliam ser uma segunda onda. O governo de São Paulo quer começar a vacinação em janeiro. Em nível nacional, o programa do governo federal ainda desperta uma série de dúvidas.

Mercado de desigualdades

Uma pesquisa exclusiva da Arymax e da B3 Social, com o Instituto Veredas, ajuda a mostrar os efeitos desiguais da covid no mercado de trabalho. A maior parte dos trabalhadores das regiões Norte e Nordeste, por exemplo, que também são as mais dependentes do auxílio emergencial têm empregos vulneráveis – em setores mais afetados pela pandemia ou em postos informais.

“O Brasil já estava em um cenário de crescimento baixo, investimento em queda e maior déficit público. Com a pandemia, a gente recebeu a conta desses problemas. Depois dela, muitas pessoas devem cair na informalidade e ter ocupações muito precárias”, diz Vahíd Vahdat, diretor do Veredas.

O estudo também aponta que é preciso investir, a partir do ano que vem, em uma combinação entre programas sociais e de inclusão produtiva, para que a população mais vulnerável tenha um colchão para atravessar a crise e consiga se recolocar no mercado de trabalho de forma mais rápida e estável.

Apesar das perspectivas turvas para o ano que vem, um outro estudo exclusivo, do Manpower Group, aponta que a maior parte dos empresários (70%) espera não ter de fazer mudanças no número de funcionários no primeiro trimestre de 2021. Este porcentual, no entanto, é menor do que era no começo de 2020, antes da pandemia.

“Esse número grande de empresas que não devem mexer em seus quadros é um bom sinal. Elas estão esperando notícias positivas no ano que vem, com mudanças estruturais, como a reforma tributária, um aumento dos investimentos e outras questões que vêm se arrastando desde antes da pandemia. A empresa pensa muitas vezes antes de demitir, e a gente torce para que tudo melhore mais rapidamente”, diz Nilson Pereira, CEO do Manpower Group.

 

 

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