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Três meses após fim do cadastro, 287 mil pedidos de auxílio esperam análise

Desse total, 55,7 mil requerimentos estão sendo analisados pela primeira vez. Os pedidos foram feitos no site ou aplicativo da Caixa

atualizado

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Auxilio Emergencial - Dinheiro
1 de 1 Auxilio Emergencial - Dinheiro - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Quase três meses após o término do prazo para pedir o auxílio emergencial, 287,3 mil brasileiros aguardam análise, ou reanálise, do cadastro por parte do governo federal.

O número foi divulgado nessa terça-feira (29/9) em coletiva de imprensa realizada pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério da Cidadania sobre as novas parcelas do auxílio residual.

Desse total, 55,7 mil pedidos estão sendo analisados pela primeira vez e 231,6 mil estão em reanálise. Esse processo é realizado pela Dataprev, estatal do governo federal.

“A gente está com quase 300 mil pessoas entre análise e reanálise e nós teremos aqui mais 500 mil pessoas”, afirmou o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.

Após a reanálise desse novo grupo de pessoas citado por Guimarães, o governo prepara abrir o pedido de contestação para quem ficou de fora do auxílio residual de R$ 300.

“Aproximadamente sete em cada 10 adultos no Brasil se cadastraram no aplicativo da Caixa Econômica para receber o auxílio e 41 milhões foram considerados inelegíveis”, prosseguiu.

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) encerrou o período para se cadastrar no aplicativo ou site da Caixa Econômica e pedir o auxílio emergencial no dia 2 de julho.

Desde então, é impossível pedir o recebimento do benefício. Logo, os 55,7 mil pedidos que estão sendo analisados pela primeira vez aguardam aval do governo há pelo menos três meses.

Por outro lado, o governo pagou o auxílio emergencial para 67,2 milhões de pessoas. Esse número, no entanto, tem sido reduzido ao longo dos últimos meses, em meio a fraudes e limitações da concessão do benefício.

Atrasados

Apesar de o governo reforçar a campanha de que ninguém ficará para trás, a demora na análise do cadastro tem prejudicado milhares de brasileiros por causa das regras do auxílio residual.

O governo anunciou o pagamento de novas cotas do auxílio emergencial, no valor de R$ 300, mas 44% dos beneficiários de fora do Bolsa Família não receberão todas as novas quatro parcelas.

Bolsonaro determinou, na medida provisória de extensão do benefício, que o depósito seja feito até 31 de dezembro — não importando quantas parcelas tenham sido recebidas.

Logo, só terão “tempo suficiente” para adquirir toda a renda emergencial — cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300 — 43,3 milhões de beneficiários (incluindo os do Bolsa Família) que receberam o primeiro depósito em abril.

Portanto, além de receberem o auxílio tardiamente – ao contrário do que prevê o nome do programa –, as pessoas que ainda estão sendo analisadas pelo governo receberão menos parcelas.

Números da Dataprev apontam que, até o dia 28 de setembro, 529.498 cadastros estão em reanálise pelo órgão. O dado é composto dos 241.850 recadastramentos realizados no aplicativo; 265.788 contestações dos resultados feitos pelos canais do banco e do site da Dataprev e os 21.860 requerimentos retidos pelo gestor do programa.

O número é maior que o apresentado pela Caixa, segundo a estatal, porque os dados da Dataprev usam os cadastros, enquanto os da Caixa, o número de CPF. Assim, um requerimento pode ter mais de um CPF.

“Dever cumprido”

Na coletiva, a equipe do governo Bolsonaro foi questionada pelo Metrópoles sobre os beneficiários prejudicados pela demora na análise, mas as autoridades não admitiram o prejuízo.

“Houve, no começo, muitos erros de cadastro. [Cerca de] 33 milhões de pessoas não tinham conta em banco. Nós entendemos que o atendimento foi feito de uma maneira eficiente”, disse Guimarães.

O presidente da Caixa Econômica ressaltou também que dezenas de milhões de pessoas se cadastraram e foram analisadas, mas não foram aprovadas pela Dataprev, o que teria exigido certo esforço do governo.

“Mais de 40 milhões de brasileiros se cadastraram sem terem o direito e tomaram o tempo dos 67 milhões que tinham direito”, prosseguiu Guimarães, ao passar a bola para o Ministério da Cidadania.

“Não faltou esforço de ninguém. É muito fácil a gente olhar para o lado vazio do copo e dizer que pessoas demoraram 60 dias para receber”, disse secretário da pasta, Antônio José Barreto.

Ele alegou que o pagamento do auxílio emergencial foi a “maior operação de apoio que o mundo já viu”. O secretário reforçou, em seguida, que o governo não deixou ninguém para trás.

“O Estado sempre fará o melhor, fizemos o melhor. Para quem pagou 67 milhões de brasileiro, isso não é demora, é o melhor que a gente poderia fazer”, afirmou o secretário do Ministério da Cidadania.

A Dataprev, estatal responsável pela análise dos cadastros do benefício, informou, em nota, que os processamentos são sequenciais e a ordem é definida pelo Ministério da Cidadania.

“A Dataprev é parceira tecnológica do Ministério e atua no reconhecimento inicial do direito ao benefício, o que significa identificação somente da primeira parcela. Os trabalhos obedecem às previsões legais do programa”.

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