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Tesouro Direto: saiba se vale a pena investir agora em renda fixa

Análise do (M)Dados mostra queda na venda de títulos de Tesouro Direto. Especialistas fazem alerta sobre mudança de investimentos

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1 de 1 dinheiro - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A forte queda nas bolsas de valores causada pela pandemia do coronavírus e a crise da “guerra de preços” do petróleo fizeram os brasileiros repensarem suas aplicações. Enquanto os grandes investidores trabalham para reverter a situação, o cidadão comum tenta identificar a melhor forma de não perder dinheiro, ou mesmo apostar na saída para garantir um bom rendimento. Uma dessas opções é a renda fixa.

Análise do (M)Dados baseada em informações do Ministério da Fazenda, no Portal de Dados Abertos, sobre o Tesouro Direto mostra tendência de queda nos últimos meses na venda de títulos públicos. Ao mesmo tempo, houve corrida maior pelo saque antecipado por quem já tinha dinheiro aplicado. No entanto, segundo especialistas, há boas soluções no Tesouro Direto para enfrentar a crise, desde que se saiba onde aplicar.

O coordenador do MBA de gestão financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, explica que a queda nas vendas e os saques antecipados no Tesouro Direto aconteceram devido a uma expectativa das pessoas, nos últimos meses, de ter melhor rentabilidade nos fundos de renda variáveis. “No momento que a gente está vivendo, nada é garantido, mas não há motivo para se preocupar, porque o Tesouro Direto é sempre honrado pelo governo federal”, destaca.

De acordo com Teixeira, a diminuição da Selic e nos juros nos últimos meses e a tendência de que isso continue acontecendo fez com que os rendimentos do Tesouro Direto ficassem menos atrativos em comparação aos ativos variáveis. Portanto, quem precisava de liquidez ou ansiava por melhores condições resgataram suas aplicações.

Na última segunda-feira (09/03), após a bolsa cair 12,17%, o pior índice desde 1998, e o dólar chegar a R$ 4,72, houve aumento nas taxas do Tesouro Direto. Por outro lado, na quarta-feira (11/03), o governo reduziu a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,4% para 2,1% em 2020, o que fez os títulos públicos recuarem novamente.

“Hoje, as pessoas estão com muito medo da renda variável pelo que aconteceu com a bolsa. Ninguém tem a resposta sobre o que vai acontecer, mas é prudente ser mais cauteloso e privilegiar o que é menos volátil”, ressalta Ricardo Teixeira.

Atenção aos tipos de títulos

Analista de renda fixa da casa de análises Spiti, Guilherme Cadonhoto explica que é preciso estudar as opções do Tesouro Direto para saber se o melhor é investir ou vender neste momento. “Uma parte dos títulos está atrelada à Selic, às taxas pós-fixadas, que não tem risco de mercado e não sofre com essa crise toda.”

Por outro lado, diz o especialista, os títulos pré-fixados e indexados ao Índice de Inflação do Brasil (IPCA) possuem maior risco hoje. “Com o atual cenário, eles devem ficar alternando muito daqui para a frente e vão perdendo valor de mercado”, pontua. Diante desse quadro, os investidores tendem a fugir dessas modalidades e a se desfazer desses papéis.

No entanto, mesmo entre os pré-fixados, há possibilidades de ganho a curto prazo. Guilherme Cadonhoto frisa que há uma expectativa de inflação no Brasil de 3% para este ano e de 3,5% em 2021. “Esperam um índice muito baixo, mas deve haver surpresa.” Segundo o analista, caso a inflação seja maior no período, o investidor será beneficiado com esse crescimento. Por isso, aqueles com prazo curto, de um ou dois anos, podem ser boas apostas.

O mesmo não deve ocorrer com os títulos pré-fixados a longo prazo, que possuem mais chance de desvalorização e tendência desfavorável. “As pessoas devem considerar vender esses papéis”, salienta.

Por fim, Cadonhoto diz que não é possível prever melhora no quadro econômico atual. “Enquanto não houver solução mundial sincronizada e eficaz para os riscos, no caso do coronavírus e do problema do petróleo, os títulos vão continuar voláteis e com riscos muito altos”, avalia.

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