Taxa básica de juros sobe a 13,75%. Saiba como a alta impacta sua vida
A variação da taxa Selic pode influenciar diretamente no poder de compra da população e na procura por produtos e serviços
atualizado
Compartilhar notícia
Após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central decidiu elevar taxa Selic mais uma vez, nesta quarta-feira (3/8) em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 13,75%.
Com o aumento, a taxa Selic alcança o maior patamar desde janeiro de 2017, quando o índice atingiu os 13%.
Para esclarecer como esse aumento a afeta a vida dos brasileiros, o Metrópoles conversou com o coordenador da pós-graduação em mercado financeiro e capitais da Faculdade Mackenzie Brasília (FPMB) e conselheiro do Conselho Regional de Economia da 11ª Região, César Bergo.
Consumo
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. É o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Ela influencia todas as demais taxas de juros que são aplicadas no comércio do país, como os empréstimos, financiamentos ou aplicações financeiras.
Bergo explica que os preços dos alimentos e dos combustíveis são afetados de forma indireta pela variação da taxa Selic. Isso porque os empresários possuem um custo financeiro atrelado à Selic para manter o seu negócio. Dessa forma, a variação da taxa afeta os valores cobrados pelos produtos.
A taxa Selic serve também para conter o consumo da população. Principalmente em situações no qual a oferta é muito menor que a demanda. Quando isso acontece, os preço se elevam (afinal, há pouco produto para muita gente querendo comprar). Então, aumenta-se a Selic, o consumo diminui e os preços tendem a voltar ao normal.
Financiamentos
Para aqueles que desejam adquirir um financiamento a fim de poder comprar um imóvel, um carro ou quitar as dívidas precisa ficar atento. A taxa Selic vai influenciar diretamente o valor cobrado pelos bancos.
“Todo mundo que tomar empréstimo ou financiamento deve saber que a dívida vai ficar mais cara com o aumento da taxa Selic”, explica Bergo.
Isso significa que a Selic mais baixa também derruba as parcelas de um financiamento de um veículo, por exemplo. Se mais gente aproveita as taxas menores para comprar carro, a montadora precisa contratar mais gente para fazer os automóveis. Mais gente empregada movimenta a economia. É um círculo virtuoso.
Investimentos
Para o investidor, a princípio, o aumento da taxa de juros pode ser uma boa jogada. Entretanto, o correntista precisa de atentar à variação da inflação para obter um ganho real a partir dos seus investimentos.
Durante muito tempo, a taxa Selic ficou abaixo da inflação. Então, havia uma perda para quem tinha investimentos em renda fixa, completamente atrelados à taxa. Títulos da dívida pública e a tradicional poupanção são exemplos.
Com a taxa Selic subindo, a rentabilidade desse tipo de investimento fica positiva. “Então, o efeito para o investidor é essa: quanto maior a taxa Selic, maior a rentabilidade dos investimentos dele em renda fixa”, explica o conselheiro do Corecon-DF.