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Startups sofrem com redução de investimentos na economia brasileira

Valor investido em startups caiu 44% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021

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1 de 1 nicholas-cappello-Wb63zqJ5gnE-unsplash-compressed - Foto: Nicholas Cappello/Unsplash

O valor investido em startups caiu 44% de 2021 para 2022. No primeiro semestre do ano passado, foram captados US$ 5,26 bilhões. No mesmo período deste ano, as empresas conseguiram levantar apenas US$ 2,92 bilhões. É o que mostra uma pesquisa da plataforma Distrito, voltada para esse tipo de negócio.

Apesar da queda, Nathália Bertussi, coordenadora nacional de startups do Sebrae, e Alessandro Machado, diretor da Cedro Capital, avaliam que o cenário ainda é favorável. “Atualmente há diversos fundos, gestoras, grupos de investidores, corporações e ‘family offices’ investindo em startups no Brasil”, explica Bertussi.

O panorama de incertezas é agravado pela situação político-econômica do Brasil, aponta a especialista. “Em 2020 e 2021, o cenário mostrava queda da taxa de juros, redução no retorno vindo das rendas fixa e variável convencionais. As startups se mostraram como alternativas de investimentos para investidores”.

A alta da inflação forçou o Banco Central a elevar a taxa básica de juros e tornou outros investimentos, como a renda fixa, mais atrativos. Assim, o investidor migra o capital para investimentos de baixo risco. “Não é necessariamente uma retração do mercado de startups propriamente”.

Startups nem sempre são negócios de risco

Bertussi ressalta que só uma pequena parte das startups opera nos primeiros anos com prejuízo. Isso acontece, geralmente, quando a empresa tem um modelo de negócio voltado para o consumidor. Nesses casos, a iniciativa precisa gastar muito dinheiro por um certo período em marketing, por exemplo, para se consolidar junto aos clientes e recuperar o investimento no longo prazo.

As startups que funcionam por muito tempo no vermelho e, como visto recentemente, promovem demissões em massa ou fecham escritórios fazem isso porque, quando receberam capital, expandiram muito rápido. Segundo a coordenadora do Sebrae, essas empresas muitas vezes não criam uma base que sustente o negócio no médio e longo prazo. “Quando param de crescer em ‘boom’, a regularização faz com que haja demissões e outras medidas”.

No entanto, ela diz que em muitos casos não é o que acontece. Em outros tipos de modelos de negócio, o investimento pode ser mais “seguro”.

Veja quais fatores devem ser levados em conta pelo investidor antes de aplicar dinheiro em uma startup:

  • Quem é o empreendedor? o sócio é quem vai levar o negócio por um bom tempo. Ser alguém confiável é essencial.
  • Existe mercado para a iniciativa? O produto da empresa precisa ser absorvido pela sociedade. Caso não, não tem sentido investir.
  • Esse mercado é grande o suficiente para sustentar o negócio? Se a base não for suficiente, a iniciativa pode não se manter.
  • Qual o modelo de negócio? Para quem a empresa fornece o produto ou serviço? pode ser para o consumidor direto, para empresas ou até mesmo para governos. A depender de quem compra, a garantia de renda pode ser maior, o que atrai mais o investidor.
  • Relação risco x prazo: O investidor tem familiaridade em esperar certo tempo para reaver o dinheiro aplicado, e também entende o risco. Dependendo da previsão do risco da startup e do prazo de retorno, o interesse pode ser maior para uns, ou não afetar muito na decisão de outros.

Alessandro Machado acrescenta que uma startup precisa ter mais controle nos gastos e uma visão clara de quando irá superar o break even point (ponto de equilíbrio) para obter lucro. “A austeridade financeira é a principal lição, mesmo para as empresas que estão em fase de expansão, queimando caixa para crescer”, reforça.

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