Sindicatos insistem em assembleia para afastar Josué Gomes da Fiesp
Pano de fundo da crise na Fiesp é político: proximidade do atual presidente com Lula durante a campanha eleitoral desagradou a Paulo Skaf
atualizado
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Sindicatos patronais ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) continuam tentando marcar uma reunião na sede da entidade com um objetivo claro: afastar o presidente da instituição, Josué Gomes da Silva, do comando.
A ideia inicial dos representantes de 86 dos 106 sindicatos com poder de voto na Fiesp era a de convocar uma assembleia para segunda-feira (12/12), a partir das 14 horas, na qual seria discutida a possibilidade de afastar Josué.
Segundo o estatuto da Fiesp, é necessário o apoio de 50% dos sindicatos filiados à entidade para a convocação da reunião.
Ao fim e ao cabo, a assembleia não foi marcada, mas os sindicatos que se opõem ao atual presidente da Fiesp insistem em tentar a deposição de Josué ainda neste ano.
A última reunião de diretoria da Fiesp em 2022 aconteceu na segunda-feira (5/12), seguida por uma confraternização de fim de ano. A federação entrará em férias coletivas, o que deve fazer com que a possível assembleia extraordinária ocorra somente em janeiro.
A Fiesp foi informada na semana passada sobre a intenção do grupo. Procurada pela reportagem do Metrópoles, a entidade informou que não se manifestará sobre o caso. Até o momento, Josué também não fez comentários.
Crise política
A crise política na Fiesp foi deflagrada em outubro, quando membros de 78 sindicatos apresentaram um pedido de convocação de assembleia. Em reunião da diretoria no início de novembro, Josué rechaçou a ofensiva, alegando que não havia elementos que justificassem a assembleia.
Um dos principais opositores de Josué é Nicolau Jacob, presidente emérito da Fiesp, que hoje representa o Sindicato da Indústria de Móveis de Junco e Vime e Vassouras e de Escovas e Pincéis do Estado de São Paulo.
Além dele, o nome de Paulo Skaf, ex-presidente da entidade (de 2004 a 2021), é citado como um dos defensores do grupo que deseja afastar Josué.
O pano de fundo da crise é político. As declarações de Josué durante a campanha, simpáticas à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, desagradaram a Skaf – apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) – e a integrantes da diretoria da Fiesp.
A decisão da entidade de divulgar uma carta “em defesa da democracia”, em agosto, foi considerada um equívoco por expor a Fiesp e atrelar a instituição à candidatura do petista – o documento teve apoio de apenas 14% dos sindicatos industriais.
Apesar de ter sido cogitado inicialmente como candidato a vice e depois como ministeriável de Lula, Josué jamais declarou seu voto publicamente.
O documento apresentado pelos sindicatos pedindo a assembleia enumera 12 itens com justificativas para a convocação da assembleia. Entre os motivos apresentados, estão contestações sobre nomeações de assessores de Josué, além de críticas pela divulgação da carta durante a campanha eleitoral.
Quem é Josué Gomes
Josué Gomes da Silva foi eleito presidente da Fiesp em julho do ano passado e assumiu o cargo em janeiro de 2022.
Empresário da Coteminas, ele é filho de José Alencar (1931-2011), vice-presidente da República entre 2003 e 2010, nos dois governos de Lula.
A candidatura de Josué ao comando da Fiesp teve o apoio de Skaf. Seu mandato à frente da entidade termina em 31 de dezembro de 2025.