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Shein: os planos da marca chinesa de roupas para o mercado brasileiro

Depois do sucesso das lojas temporárias em SP e RJ, a Shein planeja abrir novas “pop-up stores” em outras cidades, começando por BH

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Divulgação/Shein
Foto da loja da Shein
1 de 1 Foto da loja da Shein - Foto: Divulgação/Shein

Depois de um processo intenso de virada de chave, legado da pandemia, o consumidor brasileiro está cada vez mais habituado a comprar pela internet. O crescimento do e-commerce no país atraiu a atenção das experientes varejistas digitais asiáticas, interessadas em morder um pedaço do mercado pujante. Uma delas é a Shein, marca de comércio de moda com sede na China.

Até poucos meses atrás, o ponto de contato da varejista com o mercado consumidor brasileiro era um site com uma enorme variedade de produtos, mas com evidentes dificuldades operacionais – como alguns anúncios ininteligíveis, resultantes de uma tradução automática do mandarim para o português.

Mesmo assim, a empresa faturou algo como US$ 2 bilhões (mais de R$ 10 bilhões) em 2021 no Brasil, e superou importantes concorrentes locais, como a Renner, que vendeu R$ 8,4 bilhões ao longo do ano passado.

A Shein vive, agora, outro momento. A empresa montou operação local e contratou um time de 100 pessoas em seu escritório de São Paulo (SP). Para coordenar a equipe e as mudanças, trouxe Felipe Feistler, ex-diretor da América Latina da Shopee (outra gigante do varejo digital da China) para o posto de general manager no Brasil.

Em entrevista ao Metrópoles, Feistler falou do sucesso estrondoso de público nas duas lojas temporárias (batizadas de lojas pop-up) da marca no Brasil, uma em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro, e deu detalhes do plano da Shein para tornar o país um dos principais mercados para a gigante global.

Veja abaixo a entrevista:

Qual foi o balanço da operação das duas lojas temporárias no Brasil?

Extremamente positivo. Em São Paulo, por exemplo, mais de 5 mil clientes passaram pela loja entre os dias 12 e 16 de novembro, e vendemos 90% dos 11 mil produtos que trouxemos para a exposição. Foi uma boa experiência, considerando que na loja do Rio de Janeiro não havia possibilidade de levar os produtos, apenas comprando pelo site ou aplicativo. Os clientes foram às lojas em busca de contato, entender quem é a Shein, o que vendemos e, principalmente, qual a qualidade dos nossos produtos.

A experiência bem-sucedida fez a Shein pensar em abrir lojas permanentes por aqui?

Não estamos discutindo lojas permanentes ainda. Nosso plano é abrir quatro lojas pop-up ao longo do ano que vem, sendo a próxima provavelmente em Belo Horizonte, mas teremos também unidades na região Nordeste e Sul, a princípio. Ter lojas físicas e permanentes não é estratégia da Shein em nenhum outro mercado.

Como foi o processo de escolha e transporte dos produtos das lojas?

Trouxemos peças que fazem sucesso entre os consumidores da Shein que vivem em São Paulo, e escolhemos peças que estão na proposta da coleção de primavera-verão. As peças vêm da China, e nossa logística é feita por avião, para garantir que os produtos cheguem aqui em um prazo menor.

Apesar disso, as peças demoram mais tempo para ser entregues do que a de concorrentes locais…

Sim, temos o obstáculo da distância, uma vez que o Brasil fica longe da Ásia. Por outro lado, a entrega dos produtos é feita em duas a quatro semanas, em média. Sabemos que muitos consumidores gostariam de receber os produtos antes disso, e estamos estudando formas de fazer isso de uma forma que o custo não seja impactado.

Como conciliar esse processo complexo de logística com o custo, uma vez que as peças da Shein são conhecidas por terem um preço mais baixo?

Temos três pilares fundamentais: qualidade, variedade e preço. Um primeiro ponto é que, diferente das grandes varejistas, fazemos apostas pequenas. Produzimos em lotes de 100 a 200 produtos, oferecemos ao consumidor, e caso haja demanda escalamos a produção. Nosso tempo entre o design e a produção é de 14 dias, enquanto a indústria leva, em média, 90 dias no mesmo processo. Se um produto não tem boa aceitação pelo consumidor, nossa perda de estoque é menor, e temos mais agilidade para retomar a produção de outras peças.

A empresa da moda ainda é uma das mais sujeitas a episódios de trabalho escravo na cadeia de fornecedores. Como o tema é tratado na Shein?

Levamos o tema do trabalho escravo muito a sério, e sabemos que é um tema sensível no Brasil. A Shein segue as leis locais e internacionais de trabalho e tem como política a investigação de qualquer denúncia. Caso seja constatado que qualquer parte da cadeia não esteja em cumprimento com as leis, deixamos de trabalhar com esse forncededor.

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