Sete em cada 10 indústrias têm dificuldades para obter matéria-prima
Problema impacta 73% da indústria geral (extrativa e de transformação); 42% das empresas preveem melhora apenas no segundo semestre.
atualizado
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A indústria brasileira não consegue se livrar das dificuldades para obter insumos e matérias-primas, nacionais e internacionais, e com isso atender normalmente seus clientes. De acordo com o levantamento mais recente realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 73% das empresas da indústria geral (extrativa e de transformação) e 72% das empresas da indústria da construção estão sendo impactadas pelo problema. A sondagem foi feita com 1.782 empresas ao longo de fevereiro.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, explica que, diante disso, as expectativas de normalização das cadeias produtivas nacionais, inicialmente previstas para este semestre, foram frustradas. Assim, 37% das empresas esperam que a situação se normalize nos próximos três meses, 42% preveem melhora apenas para o segundo semestre e 14% só veem um cenário mais positivo em 2022.
Isso tem impacto direto no desempenho da economia brasileira, dificultando a oferta de produtos no mercado nacional.
Ainda de acordo com a pesquisa, 65% das empresas da indústria geral que utilizam insumos importados, estão com dificuldades para consegui-los, mesmo pagando mais caro. Esse percentual sobe para 79% das empresas no setor de construção.
“Essa desestruturação das cadeias produtivas ainda é resultado das enormes incertezas que a economia atravessou na primeira onda. A compra de insumos pelas empresas foi cancelada e os estoques foram reduzidos, um movimento que atingiu praticamente todas as empresas das cadeias de produção. A rápida retomada da economia no segundo semestre de 2020 não pode ser acompanhada no mesmo ritmo por todas as empresas, o que gerou dificuldades nos diversos elos da cadeia”, explica Robson Andrade.
Outro motivo que contribuiu para agravar o problema, no diagnóstico do presidente da CNI, foi a desvalorização do real, que tornou as exportações mais atrativas e redirecionou parte do fornecimento de matérias-primas, insumos e produtos finais ao mercado internacional. Além disso, elevou o custo dos insumos e matérias-primas importados para as indústrias brasileiras. “O resultado foi um aumento ainda mais acentuado de preços e uma dificuldade ainda maior de obter os insumos e matérias-primas”, afirma.
Como consequência, em fevereiro de 2021, 45% das empresas da indústria geral (transformação e extrativa) afirmaram ter dificuldade em atender parte da demanda. O percentual é menor que os 54% observados em novembro de 2020 e próximo aos 44% observados em outubro. Na indústria da construção, 30% das empresas relatam dificuldade em atender a demanda, percentual similar aos 31% observados em novembro e maior que os 19% observados em outubro de 2020.