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Selic a 10% faria Brasil economizar um Bolsa Família por ano, diz secretário

Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron comentou o impacto da atual taxa básica de juros (Selic) sobre a dívida pública

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1 de 1 Mulher colorida com Pessoa mostra cartão do Bolsa Família - Metrópoles - Foto: Roberta Aline / MDS

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse, nesta sexta-feira (23/6), que, se a taxa básica de juros (Selic) fosse um pouco menor do que o patamar atual — a 10% ao ano, em vez de 13,75% ao ano, como é hoje —, haveria economia anual de quase um Bolsa Família.

Questionado sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a Selic em 13,75% ao ano, Ceron disse que, por ser responsável pela política fiscal, não se sente no direito de comentar a política monetária, mas tratou do impacto da Selic sobre a dívida pública.

Ele explicou que cada ponto percentual de alta na taxa Selic representa bilhões de reais em despesas com juros da dívida pública.

“Para ter uma comparação: não estou dizendo que deveria ser esse valor, mas, se ela fosse, em vez de 13,75%, fosse 10% a Selic atualmente, você teria quase um Bolsa Família por ano economizado em termos de juros que estão sendo pagos na dívida pública”, afirmou Ceron em entrevista à revista Exame.

Ainda segundo o secretário, a política monetária, do Banco Central, tem “uma relação simbiótica” com a política fiscal, do Ministério da Fazenda.

Na quinta-feira (22/6), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a autoridade monetária está “contratando problema” com o atual patamar da taxa básica de juros.

“O que nós estamos esperando? Isso vai comprometer… Nós estamos contratando problema com essa taxa de juros, futuro. É isso que essa decisão significa. Ela está contratando problema, inflação futura ou aumento da carga tributária futura”, disse Haddad à imprensa em Paris, onde acompanha agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Déficit em 2023

Ceron ainda projetou um déficit nas contas públicas abaixo de R$ 100 bilhões em 2023. O déficit projetado (também chamado de rombo) para o ano é de R$ 230 bilhões. Segundo ele, todos os indicadores econômicos estão melhorando, e esse número deve ser menor, mas ainda é preciso considerar algumas variáveis na conta.

“Devemos ficar abaixo de R$ 100 bilhões, que já é o que nós gostaríamos que atingíssemos, mesmo. E, agora, o quanto abaixo disso vai depender desse balanço de novas medidas, desse efeito do bom efeito econômico, da variável câmbio etc. O preço do petróleo está reduzindo também”, destacou o secretário.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, vinha estimando que o déficit neste ano deve ficar em torno de R$ 120 bilhões.

O governo Lula (PT) pretende zerar o déficit nas contas públicas a partir de 2024.

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