metropoles.com

Salários no Brasil deram sinais de recuperação em 2017, diz OIT

Em valores, a renda média era de R$ 2.121 no ano passado, contra R$ 2.004 em 2016, R$ 1.878 em 2015 e R$ 1.728 em 2014

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Os salários no Brasil voltam a dar sinais de recuperação e sobem acima da taxa da média mundial em 2017. Mas, em 2018, os primeiros sinais apontam a perda de força nessa recuperação. Os dados foram publicados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o levantamento, o aumento do salário real no Brasil foi de 2,3% em 2017, contra uma média mundial de apenas 1,8%.

A OIT destaca que a recuperação dos salários no país foi a primeira desde 2013. Em 2014, a alta havia sido apenas 1,1%, contra uma retração de 0,3% em 2015 e mais uma queda de 1,9% em 2016. Parte do crescimento ocorreu por partir de bases mais baixas. Mas, ainda assim, a alta foi considerada positiva pela entidade.

Em valores, a renda média era de R$ 2.121 em 2017 contra R$ 2.004 em 2016, R$ 1.878 em 2015 e R$ 1.728 em 2014. Em dez anos, se os salários na China dobraram, no Brasil o crescimento foi de apenas 20%. Arábia Saudita, India, Indonésia e Turquia também registraram aumentos de mais de 50% desde 2008.

Rosalia Vasquez, autora do levantamento da OIT, alerta que o crescimento de salários no Brasil “é apenas uma recuperação pequena”. “Não é realmente uma mudança significativa. Temos de ver primeiro o que vai ocorrer, já que há incertezas”, alertou. Segundo ela, a incerteza é, acima de tudo, em termos de dados e a disparidade de renda continua elevada.

Mesmo assim, em seu informe, a OIT destaca que “o Brasil experimentou um crescimento positivo de salários a partir de 2016 e depois de uma fase de praticamente zero crescimento no período entre 2012 e 2016, com um crescimento negativo em 2015 e 2016”. Na América Latina, o crescimento de salários foi de apenas 1%.

Os dados do Brasil contrastam com o restante do mundo. Em média, os salários reais subiram apenas 1,8% em 2017 no mundo, contra uma taxa de 2,4% em 2016. Entre as economias do G-20, a expansão foi de apenas 0,4% no ano passado. Em 2016, o aumento havia sido de 0,9%.

Entre os países emergentes do G-20, porém, o aumento dos salários foi de 4,3%, abaixo dos últimos anos. Em 2016, a taxa chegou a quase 5%.

Para o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, não faz sentido ter hoje uma estagnação nos salários nos países ricos, enquanto o desemprego está em queda e as economias crescem. “Os indícios apontam que isso deve continuar no mesmo ritmo em 2018. Estamos ainda vivendo incertezas”, alertou. “Tais salários estagnados são obstáculos ao crescimento da economia e à melhoria de padrões de vida”, disse.

“Esse foi o crescimento de salário mais baixo desde 2008, quando começou a crise financeira”, disse. “Essa é uma tendência preocupante”, alertou Ryder.

Na Europa, os dados apresentam uma estagnação dos salários, contra aumento de apenas 0,7% nos EUA, afetado pela inflação. Em 2015, a economia americana registrava um incremento de 2,2%.

De acordo com a OIT, salários reais praticamente triplicaram nos países emergentes nos últimos 20 anos. Entre os países ricos, o aumento nesse mesmo período foi de apenas 9%.

Desigualdade de renda entre gêneros
O que preocupa a entidade ainda é a disparidade de renda entre homens e mulheres. Segundo o levantamento, mulheres continuam recebendo cerca de 20,5% a menos que os homens, pelos mesmos trabalhos efetuados. No Brasil, a disparidade é de 20,1%, em linha com a média mundial.

“Essa é uma das maiores manifestações da injustiça social e todos os países devem entender que algo deve ser feito para acelerar uma igualdade de gênero”, disse Ryder.

Entre os países ricos, a maior diferença entre mulheres e homens está na camada mais elevada dos salários. Nos países em desenvolvimento, é nos mais pobres que se vê a diferença mais profunda. Esse é, segundo a OIT, o caso do Brasil.

O que a OIT também destaca é que existe uma “penalidade” em termos salariais para mães que têm filhos. No Brasil, essas mulheres têm um aumento de diferença de salários de 7% na comparação com as que não têm. Entre os homens, aqueles com filhos têm um “prêmio” de 7% em renda.

Futuro das estatísticas no Brasil preocupa
Há poucas semanas, a OIT saiu em defesa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) diante da fala do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), desqualificando a produção de dados de desemprego no país.

Bolsonaro chamou de “farsa” os números atuais, divulgados mensalmente pelo órgão, vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e fundado em 1934.

Numa série de mensagens publicadas nas redes sociais, Rafael Diez de Medina, chefe de estatísticas e diretor do Departamento de Estatísticas da OIT, saiu em apoio ao órgão brasileiro. “A OIT apoia fortemente a metodologia seguida pelo IBGE para estimar o emprego e o desemprego, seguindo padrões internacionais”, escreveu o representante.

Em uma outra mensagem, ele vai além e aponta que está “extremamente preocupado sobre o futuro das estatísticas oficiais no Brasil”. “O sistema internacional de estatísticas estará em alerta e pronto para reagir a esses tipos de reações na Era Pós-Verdade”, criticou.

Ryder, porém, evitou entrar em polêmica. “É prematuro fazer qualquer avaliação sobre a direção (adotada pelo governo), disse “Não faço pre-julgamentos com relação às intenções do governo do Brasil. Vamos interagir com o governo”, completou.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?