Saída de Parente faz ações da Petrobras caírem 20%
Negociações foram suspensas para que a volatilidade dos papéis da estatal se reduzisse. Porém, ações despencaram após uma hora
atualizado
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A saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras causou alteração na compra e venda das ações da estatal. A B3 (combinação entre a BM&FBOVESPA), por exemplo, suspendeu os negócios com papéis da empresa. Porém, esse é um procedimento normal quando acontece algo dessa magnitude no mercado econômico (caso do pedido de demissão de Parente). Há suspensão das transações para que a volatilidade se reduza e os papéis voltem à negociação normal. No entanto, após uma hora de retenção no movimento dos papéis, as ações despencaram.
A queda está em torno de 20%, movimento parecido com o registrado na Bolsa de Nova York. O principal índice brasileiro, a Ibovespa, recuou 1,19% frente à alta anterior de 1,5%, quando da abertura dos negócios. Em contrapartida, o dólar comercial passou a ganhar força e, agora, sobe 0,69% em relação ao real, cotado a R$ 3,763.
As preferenciais (PNs, sem direito a voto) retraíram 19,70%, cotadas a R$ 15,24. Antes da declaração da Petrobras, subiam mais de 3%. Já no caso das ordinárias (ONs, com direito a voto), a desvalorização é de 20,77%, a R$ 17,58, quando antes subiam quase 3%. Não tem paralisação (circuit braker) quando há uma queda forte em um determinado papel.
Entende-se por circuit braker o mecanismo utilizado pela Bovespa na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, permitindo o amortecimento e a reorganização das ordens de compra e de venda. Esse instrumento constitui-se em um “escudo” à volatilidade excessiva em momentos atípicos de mercado.
Os recibos de ações negociados na bolsa americana (ADRs, na sigla em inglês) também caem forte. A queda é de 21,33%, ou seja, US$ 9,33.
Fábio Macedo, gerente comercial da Easynvest, explica que essa forte queda reflete a incerteza em relação à administração da estatal. Devido à instabilidade e à imprecisão dos novos caminhos da estatal e à boa relação do ex-presidente com o mercado financeiro, não há meios de prever qual o caminho da política de preços a ser adotado. Com o receio de maior participação do Governo Federal nos papéis, as ações despencam.
Fraqueza do governo
O pedido de demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras está estressando os mercados. O impacto maior é na ação da companhia, que chegou a entrar em leilão na bolsa brasileira e teve as negociações suspensas após ordens dos operadores para limitar perdas.
Logo após a notícia, por volta das 11h30 desta sexta-feira (1º), o papel da companhia no exterior (ADR) perdia 15% em Nova York. Com o fim da suspensão das negociações dos papéis da Petrobras, as ações preferenciais (com prioridades na distribuição de dividendo) chegaram a cair 14,17% e os papéis ordinários (com direito a voto), 13,65%.
Nas mesas de operações, os investidores avaliam que o tamanho das concessões feitas pelo governo e a consequente demissão de Pedro Parente mostram a fraqueza do governo de Michel Temer. Para eles, isso pode se estender a outros segmentos da economia. Depois da informação do pedido de demissão de Parente, a Bovespa, que operava em alta, inverteu o sinal e passou a cair 0,72%. A perspectiva é de que a bolsa acelere a queda ao longo do pregão.
Por outro lado, as ações da BRF subiam mais de 14%. Na terça-feira (29/5), Parente já estaria cogitando trocar o comando da estatal pela presidência da empresa de alimentos BRF.
O ex-presidente da Petrobras teria, inclusive, solicitado nos últimos dias para “segurarem” o processo de escolha de um CEO na companhia. A possibilidade de a troca acontecer já corria no mercado financeiro, principalmente, diante da crise gerada com a greve dos caminhoneiros – e já mexeu nos papéis da própria empresa de alimentos.