Saiba proteger os investimentos em cenário de interferências políticas
Mercado financeiro considera o governo uma “caixinha de surpresas”, que pode ajudar ou destruir o cenário de investimentos no país
atualizado
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Todos os questionamentos em torno das ações do governo federal em relação à Petrobras deixam boa parte dos investidores preocupados. Afinal, uma simples declaração de um político pode se tornar uma “caixinha de surpresas”, e ajudar ou perturbar o cenário de investimentos do país.
De acordo com Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, as falas de líderes políticos, como as do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), são capazes de pressionar a economia e gerar um ambiente de desconfiança, o que afugenta os investidores, sobretudo, “gringos”.
“O investidor estrangeiro paga um preço muito alto para investir aqui no Brasil. Geralmente, ele fica uns dois ou três meses investindo em papéis, mas logo vende. Justamente por essa ideia de ser um país bem instável, em que toda semana algo muda, acaba mostrando que o país não tem uma segurança”, diz Franchini .
O sócio da Monte Bravo dá outro exemplo do que deixa a imagem do país um tanto desgastada quando o assunto é investimento.
“Alguém chega para você e fala: ‘Olha vamos investir no Brasil. A reforma tributária vai ser aprovada. Fica tranquilo, isso vai melhorar’. Mas toda semana há uma notícia inesperada, e isso faz com que a B3 (bolsa de valores oficial do Brasil) tenha tanta volatilidade”, explica. “Essa insegurança é o problema: a imagem fica desgastada e ninguém acredita mais.”
Maneiras de investir lá fora
Diante deste cenário, o investidor brasileiro também precisa entender quais são os mecanismos a serem utilizados para proteger o patrimônio.
“O básico que todo investidor deve fazer é olhar lá fora, o brasileiro tem que ter essa percepção. Quando falamos em bolsa no mercado global, somos insignificantes. O investidor brasileiro que não procura ações internacionais deixa de acessar 99% do mercado de investimento”, diz Franchini.
O sócio da Monte Bravo dá algumas opções para você que quer desvendar o mercado e se proteger das intempéries provocadas por ações governamentais desordenadas. São elas:
- Fundos cambiais
Esse método funciona para aqueles investidor que não é conservador. Afinal, os fundos cambiais vão “seguir” a moeda em suas altas e baixas, portanto são produtos pós-fixados, que possuem desempenho ligado à moeda em questão, podendo ser dólar ou até euro.
“O Brasil, infelizmente, está com uma moeda defasada há muito tempo. Dólar e euro, na média, podem sair vencedores”, diz Franchini.
- Contratos de dólar
Com o risco também elevado, os contratos são ferramentas que ajudam o investidor a evitar alocar todo o saldo em uma proteção. Isso quer dizer que, nos fundos cambiais, você de fato terá de colocar os recursos todos dentro do fundo para criar uma proteção.
No caso de contratos, a exigência é pela margem de negociação. Essa margem pode ser em dinheiro já investido como em CDBs, Tesouro Direto e outras. Nada mais são do que garantias já que este tipo de operação é alavancada.
Portanto é uma maneira de o investidor se manter pós-fixado na moeda, acompanhando a queda e a alta frente ao real, e ao mesmo tempo manter sua aplicação em outro ativo.
Vale a ressalva de que a tributação nesse caso é de 15% sobre o lucro líquido dentro da operação, porém se for utilizado o mecanismo de Day Trade, aí a tributação será de 20%.
- BDR/ETF
O investidor também pode optar pelas operações atreladas a ativos externos somado à variação da moeda. Ou seja, se o dólar subir, o investidor pode estar alocado em um ativo que tenha variação natural, porém que também possua o dólar como fator de oscilação.
“Vamos imaginar uma alocação nas ações da Apple: se o dólar disparar, a cotação frente ao real terá uma alta, mesmo que o ativo em si não tenha subido. E com as mudanças nas regras dando a oportunidade de acesso a esse produto por boa parte dos investidores brasileiros, facilitou muito esse tipo de investimento protetivo”, ressalta Franchini.
Nesse investimento, a tributação é igual a uma ação normal, e a alocação precisa ser feita também através de uma corretora.
- Commodities
As famosas commodities, matérias-primas padronizadas que são negociadas no mundo inteiro, também podem ser uma ótima opção.
Por se tratar de um investimento em renda variável, é preciso abrir uma conta em uma corretora.