Roraima estoca óleo para evitar apagões
No fim de semana, estado ficou no escuro, pois depende da energia venezuelana. Óleo será usado nas usinas térmicas
atualizado
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A crescente ocorrência de cortes no abastecimento elétrico de Roraima, estado que tem 82% de sua energia produzida pela Venezuela, levou o governo a adotar medidas de emergência para não deixar a população no escuro. O objetivo é evitar situações como a ocorrida no último fim de semana, quando parte do estado ficou no escuro, devido a problemas na linha de transmissão do país vizinho.
A reportagem apurou que, nos últimos dias, caminhões carregados de óleo diesel começaram a ser enviados para Boa Vista e região, com o propósito de estocar o combustível usado pelas usinas térmicas que funcionam no estado. A ideia é dobrar o tempo de autonomia dessas usinas, caso haja corte de luz pelo país vizinho. O Brasil paga R$ 150 milhões por ano à Venezuela pelo fornecimento.
Na situação atual, caso seja interrompido o fornecimento pela Venezuela, as usinas de Roraima têm capacidade de garantir o abastecimento por apenas quatro dias. Com o estoque de óleo, o Ministério de Minas e Energia (MME) quer elevar essa capacidade para oito dias, podendo chegar a até 15 dias de suprimento, que é a capacidade máxima que as plantas conseguem guardar.O plano foi confirmado pelo secretário de energia elétrica do MME, Fábio Lopes Alves. “Realmente tínhamos de buscar uma alternativa, uma ação de backup mesmo. Como a situação na Venezuela está cada vez mais precária, não nos resta outro caminho senão adotar essa medida emergencial”, disse.
Geração
Roraima é hoje o único estado brasileiro que não está conectado ao chamado Sistema Integrado Nacional (SIN), a rede de transmissão de energia que conecta todo o país. Por conta desse isolamento, depende da geração de usinas térmicas locais e da importação de energia que faz de hidrelétricas da Venezuela.
O abastecimento feito pelo país vizinho sempre apresentou instabilidades, mas essa oferta tem ficado cada vez mais precária, segundo o MME.
O custo da geração térmica é pesado. A estimativa total para atendimento a Roraima sem a geração da Venezuela é de mais de R$ 160 milhões por mês. Em um ano, essa independência custaria R$ 1,95 bilhão.
Atualmente, são consumidos em média 130.000 litros, equivalente a 130 m³. Considerando que a capacidade típica dos caminhões são de 60.000 litros, equivale de 2 a 3 caminhões por dia.
Uma segunda medida prevista para eliminar de vez a dependência da energia venezuelana passa pela realização de um leilão de novas usinas previsto para ocorrer ainda neste primeiro semestre
O governo fechou um pacote de projetos para Roraima que inclui projetos de usinas solares, eólicas, biomassa e biogás. Esses projetos, que devem somar investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões, vão acrescentar mais de 200 megawatts de geração, praticamente o consumo médio do Estado. Uma vez leiloadas, essas usinas deverão entrar em operação entre dois e três anos.
O leilão ainda vai ser debatido pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Além de eliminar a importação de energia, os projetos reduzem a dependência das térmicas a óleo, mais caras e poluentes.
Blecaute
No último sábado (10), o parque térmico da Eletrobras Distribuição Roraima teve que ser acionado para restabelecer o fornecimento de energia de Roraima, capital e interior. A operação funcionou durante quatro horas. O desligamento da linha venezuelana, segundo a estatal, foi causado por galhos de árvores que afetaram a rede no trecho de Macagua – Las Claritas, na Venezuela.