metropoles.com

Reversão de decisões de ações tributárias pelo STF preocupa empresas

Ministros do STF julgarão se decisões da corte devem se sobrepor automaticamente a ações que já transitaram em julgado

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Justica STF cega
1 de 1 Justica STF cega - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Supremo Tribunal Federal (STF) está discutindo um tema sensível a muitas empresas: a manutenção, ou não, de decisões judiciais sobre o pagamento de tributos. A matéria, que tem sido chamada de reversão de decisões definitivas, pode impactar empresas que já obtiveram o direito de isenção de impostos em ações transitadas em julgado.

Caso a matéria seja alterada pelos ministros da corte, uma empresa que ganhou uma causa judicial para deixar de pagar um imposto poderá ter essa decisão revertida.

Hoje, para que a decisão inicial seja invalidada, é necessário que o órgão fiscal (Receita Federal ou Fazenda estadual) entre com um procedimento de reestabelecimento da cobrança, como uma ação rescisória. Caso o STF decida pela reversão de decisões definitivas, a cobrança do tributo será retomada automaticamente.

O julgamento correu em plenário virtual até terça-feira (22/11) e os ministros já haviam formado maioria, por 7 votos,  a favor da reversão imediata de decisões. No entanto, como o ministro Edson Fachin pediu destaque, o julgamento seguirá para o plenário presencial, sem data ainda definida para ocorrer.

Na sessão em plenário, a votação terá de ser reiniciada do zero. Isso significa que, embora improvável, é possível que alguns dos magistrados mudem de posição.

CSLL e IPI

Segundo Gustavo Taparelli, sócio da Abe Advogados, caso aprovada, a decisão do Supremo tende a alcançar principalmente uma discussão antiga sobre o pagamento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), um imposto federal.

Ele explica que, na década de 90, muitas empresas conseguiram, em ações judiciais, a isenção da cobrança ou a reversão em créditos tributários. O problema é que o Supremo validou a legalidade desse tributo há 20 anos e, mesmo assim, por causa das decisões iniciais, diversas empresas seguem sem recolher a CSLL.

“O ponto é saber como o Supremo modulará os efeitos da decisão. Ou seja: se o recolhimento do tributo será retroativo, ou se valerá somente a partir da decisão dos ministros pela constitucionalidade da cobrança”, diz o advogado tributarista Donovan Lessa.

Embora a CSLL esteja no centro da discussão, há também questões pontuais sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como uma que impactaria a rede de lojas Havan.

Insegurança jurídica

O tema é acompanhado com preocupação pelas empresas, uma vez que a eventual decisão pró-fisco teria impacto financeiro inesperado.

“Embora algumas teses tributárias tenham se tornado obsoletas com o avanço da jurisprudência nos tribunais, haverá grande insegurança jurídica para os contribuintes, que poderão ser surpreendidos com a exigência de uma cobrança tributária que já haviam se escusado, em razão de decisão favorável transitada em julgado”, afirma Roberta Romano, sócia do escritório Neder e Romano.

No entanto, há advogados que apontam que a decisão do STF pode sobrepor a isonomia tributária e concorrencial ao próprio risco de insegurança jurídica que o tema traz, o que seria positivo.

Isso porque as decisões judiciais anteriores criam situações de desequilíbrio, como a de duas empresas de mesmo perfil e setor de atuação, com uma delas pagando determinado tributo e outra não, por ter adquirido esse direito judicialmente.

“O STF está julgando até que ponto a proteção à segurança jurídica supera a livre concorrência. Está ponderando dois importantes princípios legais. Ao que parece, o que os ministros vão decidir que, em caso de desigualdade tributária e concorrencial, o Supremo vai prestigiar a equalização de direitos”, avalia Lessa.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?