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Quem são os economistas da transição que preocupam o mercado?

Saiba por que a presença dos petistas Nelson Barbosa e Guilherme Mello na coordenação econômica do novo governo provocou oscilações na Bolsa

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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
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A presença de economistas ligados ao PT na coordenação econômica da equipe responsável pela transição do novo governo teve impacto imediato ontem no mercado. E foi negativo. A Bolsa oscilou na tarde de terça-feira (9/11). E, até aqui, foram anunciados dois integrantes desse núcleo ligados aos petistas: Nelson Barbosa e Guilherme Mello. Eles devem atuar ao lado de Pérsio Arida e André Lara Rezende.

E por que ambos provocaram, para dizer o mínimo, sobressaltos entre investidores? No geral, trata-se de uma dissonância entre concepções sobre como a política econômica deve ser conduzida no Brasil. No caso de Barbosa, esse temor é acrescido pelo histórico do economista na condução dos Ministérios da Fazenda (entre dezembro de 2015 e maio de 2016) e do Planejamento (de janeiro a dezembro de 2015), durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Sob a ótica do mercado, Barbosa, um carioca de 52 anos, é tido como um dos patronos da Nova Matriz Econômica. Grosso modo, os defensores dessa linha de pensamento econômico defendem – e executam – gastos públicos parrudos, cujo resultado pretendido seria o aumento da demanda. Esta, por sua vez, aquecida, aceleraria o crescimento da economia.

Críticos, contudo, consideram que tal tese ignora um detalhe: o funcionamento de um sistema de preços no dia a dia da vida do país. “Assim, quanto mais se gasta, na imensa maioria das circunstâncias, maior é o impacto sobre os juros e a inflação. Foi o que ocorreu numa economia que já funcionava muito perto do uso pleno de capital e trabalho, como era o caso do governo petista”, diz o economista e consultor Alexandre Schwartsman. “Não por acaso, Barbosa foi o ministro de uma das maiores recessões já vividas pelo país, que resultou numa queda do PIB de quase 8%, entre 2015 e 2016.”

A percepção dos investidores em relação a Guilherme Mello não é diferente, embora ele represente uma figura nova no cenário nacional. É professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), um dos berçários, por assim dizer, da Nova Matriz Econômica. Defendeu durante a campanha o fim do teto de gastos, mas, na ocasião, amenizou a crítica. Fez uma ressalva indicando a necessidade de criação de uma nova “âncora fiscal”, um mecanismo que limite os gastos federais e, por consequência, detenha o crescimento da dívida pública. Mello participou de toda a campanha de Lula como porta-voz para a área econômica.

Em seus textos, não raro, cita como referências Maria da Conceição Tavares, que definia a doutrina liberal como uma “praga”, e Celso Furtado, que pregava a participação do Estado na promoção do bem-estar social. Lógicas que, para investidores, soam como aberrações.

Mello foi autor ainda, ao lado outros quatro economistas, de um artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em setembro de 2019, sob o título “Por que cortar gastos não é a solução para o Brasil ter crescimento vigoroso?”. Para Schwartsman, contudo, o grupo cometeu dois equívocos na ocasião. “Em primeiro lugar, partiu de um pressuposto falso ao defender que o superávit primário [a diferença entre receita e despesas do governo, sem considerar os juros da dívida] não reduziu a dívida pública”, aponta o economista. “O segundo problema foi que eles erraram em alguns dados, o que resultou na publicação de uma correção no jornal.” É isso, em suma, que preocupa o mercado.

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