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Quem procura acha: pesquisar garante boas ofertas na Black Friday

Apenas 6% das pessoas que aderiram à temporada de promoções no ano passado não realizaram buscas dos itens de desejo antes de fechar negócio

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Ao intensificar os estudos para concursos públicos neste ano, a carioca Catarina de Melo, 29 anos, percebeu que era hora de trocar o computador da família. O PC com quase uma década de uso fica lento quando ela abre várias abas simultaneamente. A moça passou, então, a pesquisar em sites opções de equipamentos similares e notebooks, mas percebeu que o custo do frete e a desconfiança do pai (que concordou em pagar pela compra) em fechar negócio pela internet atrapalhariam os planos da jovem de estar com um novo computador já no início do segundo semestre deste ano.

Assim, a concurseira começou a ir a shoppings e lojas de informática a cada anúncio de promoções até decidir que a compra só seria feita no fim de ano. “Queria evitar acumular esse gasto com as compras de Natal e possíveis viagens de férias. Mas lembrei que haverá a Black Friday em novembro e vamos comprar durante as promoções”, contou. “Só que a compra será em uma loja física, pra evitar frete e qualquer problema na entrega”, acrescentou a moradora do bairro de Botafogo (RJ).

Levantamento do Google com a consultoria Provokers sobre os hábitos dos consumidores brasileiros durante a Black Friday aponta que o comportamento de Catarina é comum. Foram entrevistados 1,5 mil compradores on-line de todas as regiões do país, em julho deste ano. Apenas 6% das pessoas disseram não pesquisar antes de realizar uma compra.

Assim como Catarina, 29% dos que realizaram buscas antes de fecharem negócio procuravam itens eletrônicos e eletrodomésticos. Para 20%, a pesquisa dos itens de desejo começou vários meses antes da Black Friday; 26% fizeram buscas faltando um mês para a época de descontos; 14%, há 15 dias do início do evento; 22% nas vésperas e 18% durante o saldão.

Especialistas recomendam que os consumidores comecem cedo a pesquisar os preços dos produtos de seu interesse para garantir as melhores ofertas. Além disso, quem se antecipa consegue as promoções dos eventos “pré” e de “esquenta Black Friday”, que começam no fim de outubro.

“As promoções antecipando a Black Friday são uma tendência. É uma forma de o varejista chamar a atenção do consumidor sem tanta competição. Os descontos podem não ser tão agressivos, mas a venda é mais certa e tranquila, já que na data os estoques podem acabar”, observa o idealizador da Black Friday no Brasil, Ricardo Bove.

O que determina a compra?
Ainda de acordo com a pesquisa Google/Provokers, o preço foi determinante para nada menos do que 49% dos consumidores levarem os produtos para casa. A maior parte (51%) dos aspectos considerados antes da decisão de fechar negócio diz respeito à experiência do cliente, o que inclui custo do frete, formas de pagamento e prazo de entrega.

Dois terços das pessoas entrevistas adquiriam seus produtos nas lojas que ofereceram bom atendimento e condições vantajosas de pagamento.

O levantamento também indica que a Black Friday se tornou uma experiência multicanal, com cada vez mais pessoas fazendo pesquisas pela internet (86% do total), mas realizando a compra em loja física (38%). Também há casos de quem compra on-line, mas procura uma loja para conferir e retirar o produto.

Contudo, neste ano, segundo o estudo do Google/Provokers, pela primeira vez os mundos on-line e off-line estarão em equilíbrio durante a Black Friday. A tendência é que as compras em lojas físicas se igualem às realizadas pela internet, onde nasceu a temporada de megapromoções. Para se ter ideia, em 2018 o evento movimentou R$ 2,6 bilhões e mais de 2,4 milhões de pessoas compraram on-line. Os consumidores que transitam entre os dois mundos – chamados de omnichannel ou multicanal – saltarão dos 7% registrados no ano passado para 25% neste.

Opção mais segura
Para o presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Francisco Maia, fechar a compra em lojas de renome ou já conhecidas pelo cliente torna a experiência menos arriscada.

“É mais seguro o consumidor comprar em lojas físicas ou on-line já conhecidas, shoppings e comércios que fazem propaganda. Eles têm um nome a zelar, responderão se fizerem propaganda enganosa e dificilmente tentarão passar um cliente para trás”, explicou Maia.

“Até ambulantes fazem promoções na Black Friday, mas que segurança o consumidor tem na compra em comércio irregular ou informal? Buscar empreendimentos consolidados torna até mais fácil para ele correr atrás de seus direitos, via Procon, se algo der errado”, ponderou.

E é justamente o medo “de algo dar errado” que afasta os consumidores do e-commerce, ainda conforme a pesquisa Google/Provokers. Fraudes (40%), preferência por ver os itens pessoalmente (38%) e recusa em gastar com frete (23%) foram os principais motivos apresentados pelos entrevistados que disseram temer fazer compras via internet.

O presidente da Fecomércio lembra ainda que a comparação de preços e as pesquisas antecipadas podem livrar o consumidor de outro problema grave: o endividamento. Seguir algumas dicas pode ajudar a não complicar as finanças pessoais nesse período de ofertas tentadoras. Confira:

  • Faça uma lista do que você quer/precisa comprar, em ordem de prioridade. Isso te ajuda a manter o foco naquilo que realmente interessa e só comprar outros itens se sobrar dinheiro.
  • Monte uma lista de compras em sites como o da própria Black Friday ou de comparações de preços para monitorar as ofertas com antecedência. Assim fica mais fácil estipular um orçamento.
  • Se conseguir, separe um valor para pagamento à vista: o que baixará ainda mais seus gastos. Se for parcelar, opte pelo cartão de crédito, pois os registros ajudam caso tenha algum problema e precise acionar o Procon; contudo, essa é a opção que mais resulta em endividamento das famílias.
  • Pesquise e opte sempre por fazer negócios em lojas e sites confiáveis: isso reduz o risco de cair em falsas promoções e outros golpes. As listas de empreendimentos confiáveis são divulgadas em sites de órgãos de defesa do consumidor durante a temporada de compras, e algumas lojas possuem o selo Black Friday Legal, que confere confiabilidade ao comércio/serviço.
  • Se não conseguir comprar tudo que deseja na Black Friday, não se desespere: monte outra “lista de desejo” e aproveite as próximas temporadas de descontos: de Natal, ano novo e saldões pós-festas de fim de ano.

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