Quebra de banco venezuelano deixou Caixa no prejuízo
Caixa tinha 30,24% de um banco do país vizinho que entrou em liquidação em 2011. Banco brasileiro tentou vender ativos, mas não deu tempo
atualizado
Compartilhar notícia
A interminável crise econômica da Venezuela trouxe prejuízos aos brasileiros por causa da quebra de um banco do país vizinho do qual a Caixa Econômica Federal era sócia. O Banco Interamericano de Ahorro y Préstamo (Biape) está inativo e em processo de liquidação desde 2014, tornando sem valor os 30,24% de participação que o banco público brasileiro tinha no negócio.
Em conversa com jornalistas na última terça-feira (14/01/2020), o secretário de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar, reclamou pelo fato de o Brasil ter se associado por meio de um banco estatal a uma empresa venezuelana e disse que o governo faz um pente-fino para responsabilizar gestores que fizeram maus negócios com recursos públicos.
“Somos sócios de um banco da Venezuela, que, para a surpresa de ninguém, quebrou”, disse Mattar.
No caso do Biape, porém, a responsabilização pelo negócio em si é difícil. A Caixa não respondeu aos questionamentos do Metrópoles sobre a sociedade, mas pesquisas em balanços contábeis do banco, que são públicos, mostram que a sociedade não foi buscada pela instituição financeira brasileira, mas herdada.
A Caixa incorporou, ainda em 1986, o extinto Banco Nacional da Habitação (BNH), órgão público que tinha ações do Biape venezuelano. Desde então, a Caixa apenas manteve esse patrimônio.
Demonstrativos publicados pelo banco brasileiro mostram que o patrimônio valia pouco mais de R$ 1 milhão em um passado recente – com o país vizinho já em crise. Segundo balanço publicado em 2011, as ações da CEF no Biape valiam R$ 1,246 milhão em setembro de 2010 – valor que caiu para R$ 833 mil em junho do ano seguinte.
Outro demonstrativo, também de 2011, registra que o banco brasileiro estava tentando vender as ações no Biape, mas era tarde demais, pois, segundo informações da mídia venezuelana, o banco estava condenado pelo menos desde 2009.