Produção industrial está 21,6% abaixo do pico de 2013, segundo IBGE
A linha de produção roda em patamar semelhante ao de dezembro de 2008, época da crise financeira internacional, diz estudo
atualizado
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A indústria brasileira está operando atualmente 21,6% abaixo do pico de produção registrado em junho de 2013, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A linha de produção roda em patamar semelhante ao de dezembro de 2008, época da crise financeira internacional. Apenas 35,5% dos 805 produtos investigados tiveram aumento na produção em outubro ante o mesmo mês de 2015. Em setembro, esse porcentual de itens com avanço era maior, 41,1%.
“Piorou, mas permanece aquele perfil baixo de produtos com avanço na produção. Outubro desse ano teve um dia útil a menos que outubro do ano passado. Isso não torna o resultado negativo, mas pode contribuir um pouco mais para a magnitude da queda no índice de difusão”, lembrou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. “Mas a leitura, independentemente disso, é que há a maior parte dos produtos investigados, assim como atividades e categorias econômicas, com queda”, acrescentou.Na comparação com outubro de 2015, a indústria teve retração de 7,3% em outubro deste ano, a 32ª taxa negativa consecutiva. O recuo na fabricação de bens de capital alcançou 9,8%. Os únicos subsetores que escaparam do vermelho foram os bens de capital para agricultura (alta de 9,2%) e para a construção (27,6%).
Segundo Macedo, apesar do avanço dessas subcategorias em outubro, ajudado por um aumento nas exportações, a tendência de queda permanece a mesma. Ainda na comparação com outubro do ano passado, a categoria de bens intermediários teve recuo de 7,0%; bens de consumo duráveis encolheram 6,8%; e bens de consumo semi e não duráveis diminuíram 7,5%.
Espalhamento
O recuo na produção industrial na passagem de setembro para outubro chama atenção não apenas pela magnitude de queda, mas pelo caráter disseminado das perdas, ressaltou o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
A indústria teve retração de 1,1% em outubro ante setembro, a queda mais acentuada para o mês desde outubro de 2013, quando caiu 1,5%.”O comportamento de queda é totalmente espalhado pelo setor industrial”, apontou Macedo.
Todas as quatro grandes categorias econômicas registraram recuo, além de 20 dos 24 ramos pesquisados. As principais influências negativas foram registradas pelas atividades de produtos alimentícios (-3,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,5%). A fabricação de alimentos eliminou parte do avanço de 6,3% verificado no mês anterior; enquanto as montadoras voltaram a recuar após a alta de 4,7% verificada em setembro.
Outras contribuições negativas relevantes para o total da indústria foram de produtos de borracha e de material plástico (-4,9%), de metalurgia (-2,8%), de bebidas (-3,5%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal
(-2,0%), de máquinas e equipamentos (-2,3%), de indústrias extrativas (-0,7%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,2%), de produtos de metal (-2,0%) e de celulose, papel e produtos de papel (-1,6%).
Na direção oposta, o desempenho de maior importância entre os quatro ramos que ampliaram a produção foi do setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%), segundo resultado positivo consecutivo. O movimento, impulsionado pela volta à atividade de plantas paralisadas para manutenção programada, acumula nesse período expansão de 3,1% e elimina o recuo de 2,2% observado em agosto.
Cenas de incertezas
O ambiente de incertezas adia a decisão de investimentos dos empresários e de consumo das famílias, o que tem afetado a indústria brasileira, avaliou André Macedo.
A fabricação de bens de capital recuou 2,2% na passagem de setembro para outubro, a maior perda entre as categorias de uso. O resultado foi a quarta queda consecutiva, período em que a indústria de bens de capital acumula uma retração de 9,5%.
Segundo Macedo, apesar da melhora recente, a confiança dos empresários permanece em patamar baixo. Além disso, a avaliação é de que a capacidade ociosa da indústria dá conta da demanda atual.
“O período atual tem essa característica toda de retração da demanda doméstica. E, embora a questão dos estoques esteja melhor resolvida do que já foi no passado, não há folga no setor como um todo. Os bens de consumo ainda estão com patamar de estoques acima do habitual”, citou Macedo.
A produção de bens de consumo semi e não duráveis teve redução de 0,8% em outubro ante setembro, também o quarto resultado negativo consecutivo, período em que acumulou um recuo de 5,4%.
Macedo lembra que os fatores que justificaram o comportamento de queda na produção industrial em 2015 permaneceram em 2016, como o aumento do desemprego, a queda na renda do trabalhador, a inflação ainda elevada, as altas taxas de inadimplência e o crédito caro e restrito, elementos que afetam o desempenho da indústria.
“Todos esses fatores que justificaram comportamento de queda na produção industrial em 2015 permaneceram. Não por acaso o comportamento de queda da produção industrial permanece e está bastante espalhado”, disse o gerente do IBGE.